São Paulo, 24 – O preço do leite pago ao produtor em dezembro, referente ao volume captado no mês anterior, atingiu R$ 1,3535 por litro na “média Brasil” líquida, leve alta de 0,3% ante novembro e aumento de 6,3% na comparação com dezembro de 2018, de acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). “O intenso recuo que sazonalmente se observa no fim do ano não foi verificado em 2019, devido ao fato de a produção não ter crescido como esperado”, dizem os analistas do instituto.

Segundo o Cepea, o Índice de Captação Leiteira (Icap-L) subiu apenas 2,25% de outubro para novembro, porcentual abaixo das estimativas do setor.

Este ano foi atípico para o setor de lácteos, com sustentação dos preços no campo, em decorrência da oferta limitada e do aumento da competição entre os laticínios para assegurar mercado.

Na ponta da demanda, o contexto é de consumo retraído. Como resultado, os preços ao produtor não seguiram a tendência sazonal. O Cepea explica que, entre julho e agosto (pico de entressafra), houve queda nos valores devido ao baixo consumo e às margens espremidas da indústria, enquanto que no último trimestre (início da safra) o atraso das chuvas no Sudeste e Centro-Oeste limitou a recuperação da produção e as cotações ficaram estáveis.

No balanço de 2019, os preços registraram alta acumulada de 6,3% ao longo do ano, em termos reais. A média anual do preço do leite, deflacionada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro, foi de R$ 1,4219 por litro, valor 6,5% acima da média de 2018.

Projeção

O aumento dos preços dos grãos neste fim de ano pode diminuir o potencial de crescimento da atividade leiteira nos próximos meses. “Além disso, as cotações atrativas no mercado de gado de corte têm incentivado o abate de vacas”, pontua o Cepea.

Os analistas do instituto acreditam que a elevação nos preços de bezerro para reposição no mercado de corte também pode incentivar a criação em fazendas leiteiras, o que significa destinar parte da produção de leite para a alimentação desses animais. “A expectativa de agentes consultados pelo Cepea é de que o volume de captação em dezembro permaneça estável em relação a novembro, o que pode sustentar as cotações de janeiro. Deve-se levar em conta que a produção do Sul do País tende a cair entre dezembro e fevereiro, o que pode ajudar a manter os preços firmes no início de 2020”, estimam.