A Polícia Federal investiga se Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho mais velho do ex-presidente Lula, é dono de uma mansão na praia Ilha dos Macacos, em Angra dos Reis, no litoral Sul do Rio de Janeiro. O imóvel teria sido comprado com propina da operadora de telefonia Oi. 

Com exclusividade, a equipe do Jornal da Record conversou com ex-funcionários da propriedade, que confirmam que Lula e a família eram vistos com frequência no local. Localizada em um dos endereços mais caros e badalados do litoral brasileiro, a imponente e muito bem vigiada mansão pertence a Jonas Suassuna, sócio de Lulinha. 

Na semana passada, a mansão foi alvo de um mandado de busca e apreensão, durante a 69ª fase da Operação Lava Jato, que investiga repasses de mais de R$ 100 milhões do grupo Oi/Telemar para empresas de Fábio Luís e Suassuna, em troca de benefícios com o Governo Federal durante os mandatos de Lula e Dilma Rousseff.

No papel, a casa era de Jonas Suassuna até 2010, quando foi repassada para imobiliária dele, a “Gol”, no valor de R$ 1,7 milhão de reais, atitude que chamou a atenção da Polícia Federal. O imóvel foi “comprado” logo após as empresas de Suassuna assinarem contratos com a operadora de telefonia. 

A reportagem teve acesso a um e-mail que revela que Suassuna mandou transferir R$ 1,5 milhão de três empresas dele. Todas tinham recebido dinheiro do Oi/Telemar. Os valores foram para conta pessoal do empresário, que em seguida, fez outra transferência para imobiliária de sua propriedade. Só então o cheque para a compra do imóvel foi emitido.   

A suspeita das autoridades é que todas as movimentações foram feitas para tentar enganar a fiscalização e esconder a origem verdadeira do dinheiro. Para os investigadores, o e-mail pode ser uma prova de que os recursos para aquisição do imóvel na Ilha dos Macacos seriam da Oi. 

Investigação 

Outras coincidências chamam a atenção da força-tarefa da Lava Jato. A mansão em Angra dos Reis foi comprada na mesma época que o Sítio de Atibaia. Além disso, a família Lula também frequentava a casa na Ilha dos Macacos. Assim como em Atibaia, o imóvel também teria um quarto exclusivo para o ex-presidente.

A equipe do Jornal da Record conversou com uma ex-funcionária da mansão, que confirmou que Lula era visto com frequência no local. Ela disse que via o ex-presidente com frequência e que, inclusive, Lula tinha um quarto específico para ele. 

Jonas Suassuna também aparece como um dos proprietários do sítio em Atibaia. Em depoimento aos procuradores da Lava Jato, Suassuna disse que comprou o sítio sem nunca ter ido lá e que tinha dificuldades para ir justamente porque estava construindo a casa de Angra dos Reis. 

O dinheiro de propina da Oi também pode ter sido usado para bancar as despesas com um barco de luxo, mantido em Angra dos Reis. 

Apartamento

A força-tarefa da Lava Jato também investiga o apartamento onde Lulinha mora, na Zona Sul de São Paulo. No papel, o imóvel pertence a Jonas Suassuna. 

A Polícia Federal encontrou um e-mail de Lulinha para Jonas, em que eles falam sobre ocultar o nome do filho do ex-presidente na documentação de um apartamento que estava comprando. Para os investigadores, essa seria uma possível tática de Lulinha para não deixar os bens registrados no nome dele. 

Segundo as investigações, parte do dinheiro para comprar o imóvel teria vindo de uma das empresas de fachada que receberam propina da Oi.