Pesquisas de boca de urna indicam que o presidente da Bielo-Rússia, Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, está virtualmente eleito para um sexto mandato. Ele comanda a ex-república soviética desde que venceu a última eleição livre no país, em 1994. Houve protestos nas ruas, mas a agência estatal de notícias disse que a polícia havia controlado os distúrbios no final da noite.
Lukashenko teria sido reeleito neste sábado, 9, com quase 79,7% dos votos, conforme as pesquisas, derrotando a candidata Svetlana Tikhanovskaya, que estaria com 6,8%. Protestos contra o resultado, que ainda não foi oficializado, começaram durante a noite, com a polícia atirando bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes, que revidaram com pedras.
A agência de notícias russa Ria Novosti e os sites de oposição bielo-russos tut.by e Nexta registraram os confrontos nas proximidades do monumento Stella na capital.
A revolta ocorre porque milhares de pessoas participaram dos comícios de Svetlana, mulher de um dos líderes das pesquisas informais da corrida presidencial, o popular youtuber Siarhei Tikhanovski. Ele foi preso no fim de maio e impedido de concorrer.
A votação de ontem não pôde ser acompanhada por observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), cujo objetivo é promover a democracia e dos direitos humanos no continente. Vários países europeus, incluindo a Alemanha, criticaram o processo eleitoral que excluiu dois dos principais candidatos da oposição ao presidente.
Cerca de 6,8 milhões de pessoas foram convocadas a participar do pleito. A atmosfera na capital Minsk era tensa, com forte presença da polícia e das forças especiais do governo nas ruas. Diversas pessoas relataram problemas para se acessar a internet no país.
Também ontem, três funcionários da emissora de televisão russa crítica ao Kremlin Doschd foram presos em Minsk.
Lukashenko, chamado de “o último ditador da Europa”, estaria a caminho de conquistar seu sexto mandato consecutivo, mas analistas dizem que o homem forte da Bielo-Rússia pode enfrentar uma nova onda de protestos por causa de sua resposta equivocada contra a pandemia do novo coronavírus, a crise econômica e as violações aos direitos humanos.
Antes da votação, ele advertiu que a dissidência não seria tolerada e ele não desistiria de sua “amada” Bielo-Rússia. “Não vamos dar o país a vocês”, disse o presidente, se referindo a seus oponentes, ao falar à nação no início da semana passada.
“A situação não deve ser subestimada, mas não há absolutamente nada que fundamente a tese de que a partir de amanhã o país vai estar no caos ou em conflagração ou guerra civil. Eu garanto isso”, disse o presidente a repórteres um pouco após votar.