A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, nesta sexta-feira (08), que surto de ebola é emergência de saúde internacional. Uma epidemia da doença foi registrada em pelo menos quatro países da África Ocidental – Libéria, Serra Leoa, Guiné-Conacri e Nigéria.

De acordo com a diretora-geral da organização, Margaret Chan, a situação continua a se agravar, sendo necessária uma resposta global coordenada para impedir a propagação do vírus. A epidemia, que já causou a morte de cerca de mil pessoas desde o início do ano, com mais de 1.700 casos suspeitos, é a mais grave das últimas quatro décadas. Chan destacou que os países da África Ocidental mais atingidos não têm meios para responder sozinhos à doença e pediu à comunidade internacional que forneça o apoio necessário.

A comissão alertou que os Estados devem estar preparados para detectar e tratar casos de ebola, além de facilitar a retirada de cidadãos, em particular pessoal médico, que estiveram expostos ao vírus da febre hemorrágica.

Em resposta à declaração da OMS, o diretor operacional de Médicos Sem Fronteiras, Bart Janssens, afirmou que é importante que os países enviem imediatamente os infectologistas disponíveis e kits de socorro para as regiões afetadas pela epidemia. “Está claro que a epidemia não será contida sem um envolvimento massivo destes Estados. (…) o MSF conta atualmente com 66 profissionais internacionais e 610 nacionais respondendo à crise nos três países afetados. Todos os nossos especialistas em ebola estão mobilizados, nós simplesmente não podemos fazer mais”, disse Janssens.

Brasil
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, descartou qualquer suspeita de casos de ebola no Brasil e considerou “improvável” a entrada de alguma pessoa infectada. “Não há risco de proliferação da doença no nosso país, neste momento”, frisou. Contudo, devida a preocupação internacional com a epidemia, procedimentos de prevenção serão reforçados a partir desta sexta-feira (08).

Em portos e aeroportos, será realizada a identificação de casos suspeitos e ativado um centro de operações de emergência para monitorar as informações sobre a doença no Brasil e no mundo. Caso alguma pessoa entre no país com os sintomas, ela será isolada e levada a hospitais de referência.

Para ajudar no combate ao vírus no Oeste da África, o governo brasileiro fará uma doação de R$ 1 milhão para a OMS, além de cinco kits de medicamentos e material médico para Serra Leoa e cinco para Libéria, totalizando 15 toneladas. Quatro já foram enviados para Guiné-Conacri.

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) está mantendo contato com os brasileiros residentes em países africanos afetados pelo ebola, visando “verificar a situação pessoal e prestar-lhes toda assistência consular cabível”, segundo uma nota da assessoria de imprensa. Há cerca de 50 deles na Guiné e 12 na Libéria. Entre eles estão missionários evangélicos que trabalham no interior – áreas de maior risco.

O MRE diz que não houve nenhuma solicitação de auxílio adicional ao já prestado, e destaca que não há brasileiros infectados.

Ebola

O vírus da Ebola é transmitido por contato direto com o sangue, líquidos ou tecidos de pessoas ou animais infectados. A febre manifesta-se por meio de hemorragias, vômitos e diarreias. A taxa de mortalidade varia entre 25% e 90% e não é conhecida uma vacina contra a doença. Os sintomas surgem na maioria dos casos entre sete e 14 dias após a contaminação.

A doença já causou pelo menos 932 mortos e infectou mais de 1.700 pessoas desde que surgiu, no início do ano, na Guiné-Conacri, de acordo com a OMS. O vírus foi detectado pela primeira vez em 1976 na República Democrática do Congo.