O turismo e o desenvolvimento econômico do Paraná no pós-pandemia
Existe um tripé ideal para o desenvolvimento constante e saudável do nosso país. As pautas que envolvem efetivas políticas públicas e de iniciativa privada devem sempre nortear aspectos ambientais, sociais e econômicos. Ainda mais neste novo cenário que abre os olhos para o pós-pandemia. É hora de retomarmos as rédeas, lutarmos contra ostracismo egoísta de alguns e buscarmos soluções para o acentuado índice de desemprego. O turismo pode ser uma excelente alavanca para esta retomada. E o Paraná pode largar na frente.
A evolução desta atividade econômica está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento mundial. Esta transmissão de cultura, do conhecimento da história, da língua e da gastronomia são fundamentos da modernidade. Não são poucos os exemplos de países que conseguiram se reerguer – depois de catástrofes naturais, conflitos e guerras – por meio do desenvolvimento do turismo. Em suma, é um dos principais sectores em termos económicos para países desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento, como é o caso do Brasil.
Os consumidores, cada vez mais informados diante da globalização, buscam avidamente por novas experiências. O setor, por sua vez, cresce em termos de tendências e ofertas. Mas isso apenas quando há gestão e planejamento, ainda mais em dias difíceis que ainda enfrentamos.
As medidas de distanciamento social para o enfrentamento desta pandemia que assolou o mundo trouxeram prejuízos significativos e de dimensões ainda intangíveis ao Brasil. Um dos setores mais afetados, inclusive, foi o do turismo. Mas acredito que é por ele que vamos superar as dificuldades. E não são poucas as razões para acreditar nesta afirmação.
As políticas públicas sobre o setor no país norteiam-se atualmente pelos princípios da sustentabilidade. Isso está fundamentado pela própria Constituição. A Carta Magna Brasileira reserva a todos o direito ao meio ambiente, impondo ao poder público e à sociedade organizada o dever de defendê-lo e preservá-lo às futuras gerações. Partimos daqui.
Entretanto, numa visão sempre progressista, a pergunta é: Como manter nossa fauna e nossa flora resguardadas e, ao mesmo tempo, buscar subterfúgios para a retomada do desenvolvimento econômico do nosso país por meio do setor turístico?
Ao tentar responder esta pergunta, vem à tona o método socrático, quando, em sala de aula, o professor induz o aluno a iniciar um processo de reflexão e de descoberta dos próprios valores. É por este caminho que pretendo, querido leitor, seguir pelos próximos parágrafos. Quais são os nossos valores e nossas culturas que devem ser vivenciados afinco por quem aqui passa? E como o Paraná pode ser esta referência nacional que tanto queremos?
Nosso estado já é exemplo mundial em desenvolvimento sustentável. Não à toa que a região sul do país tem apenas quatro destinos na lista do Ministério do Turismo. Entre eles, dois estão aqui: Curitiba, Foz do Iguaçu, Florianópolis (SC) e Gramado (RS). Este recente levantamento segue uma tendência interessante e identificada em viajantes pós-Covid. A maioria optou por locais de natureza ou com foco no turismo rural.
A capital paranaense, conhecida pelo clima ameno e pela influência europeia, possui altos índices de qualidade de vida, infraestrutura urbana e sustentabilidade. Por isso, integra a Categoria A na classificação do turismo estadual.
Já o principal destino turístico do Paraná, Foz do Iguaçu, é o terceiro local no Brasil mais procurado por turistas nacionais e estrangeiros. Com os investimentos recebidos e prezando pela atenção ao meio ambiente, o município da região oeste paranaense apresentou grande crescimento nos últimos anos. E é exatamente neste ponto que quero chegar.
Uma grande referência para medir a qualidade ambiental são os estudos realizados no Parque Nacional do Iguaçu com a onça pintada, animal símbolo da unidade de conservação. As pesquisas mais recentes revelam – ano a ano – o aumento da espécie. Um dos únicos, senão o único, lugar onde a população de onça pintada está crescendo, tanto na parte argentina quanto na brasileira.
Este avanço só foi possível com pujante investimento da iniciativa privada. Com a fiscalização necessária, a terceirização é o melhor caminho para a estrutura do ecoturismo, porque diminui o ônus da máquina pública e garante o avanço acelerado do setor.
Assim como estas estruturas, o Paraná ainda possui diversas regiões com grande potencial, mas que ainda carecem de investimentos. É o caso das Baías de Antonina e de Paranaguá, no litoral paranaense. Nossa querida Ilha do Mel é outro triste exemplo. Ainda sofre com a falta de aporte financeiro e, principalmente, de segurança. E sem falar na Estrada do Colono – trecho de 17 quilômetros que liga Serranópolis do Iguaçu, no oeste, até Capanema, no sudoeste. Fechada, por decisão da Justiça, ainda em 2001. Um projeto de lei, que tramita na Câmara Federal, prevê sua reabertura.
O Conselho do Programa de Parcerias do Paraná (CPAR), órgão de assessoramento direto do Governador do Estado, já aprovou projetos de concessão de uso do Parque Estadual Guartelá, em Tibagi, nos Campos Gerais, do Jardim Botânico de Londrina, no norte do estado, e do Monumento Natural Salto São João, em Prudentópolis, na região centro-sul.
O próprio executivo estadual tem se empenhado em seguir os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU). Deu mais um passo agora, com o Programa Parques Urbanos, ao desenvolver um pacote de 46 áreas verdes sendo criadas em todo o Paraná e que somam mais de R$ 47 milhões em investimentos. Passos importantes. Mas ainda é preciso muito mais frente às nossas potencialidades.
Nossos esforços, como cidadãos paranaenses, devem se voltar, também, para a consolidação do estado como referência nacional no cicloturismo. Além da possibilidade de contemplar as belezas naturais, estes praticantes possuem um poder aquisitivo para impactar a economia das microrregiões. Só que é preciso capacitação e engajamento de milhares de famílias para que esta demanda se torne uma prática sustentável e contínua.
Pensando nisso, a RIC Record TV Maringá produziu, neste mês de agosto, uma série de reportagens especiais sobre a prática do cicloturismo na região. Em quatro episódios, a equipe pedalou por caminhos que evidenciam o potencial do turismo rural. Além de relatar os benefícios do ciclismo para a saúde e promover dicas de segurança para ciclistas, o conteúdo vai divulgar rotas e evidenciar os benefícios do pedal, como o baixo impacto do meio transporte para o meio ambiente. Fantástico, não? Esta série está sendo veiculado no Balanço Geral Maringá.
É hora de pensarmos no futuro. Acredito que o turismo nos reserva bons frutos. O debate a partir de agora é fundamental. As parcerias público-privada são importantes, já que o poder público não tem condições de prestar este serviço com qualidade. Concessões abrem espaço para este cenário, além de gerar emprego e renda às famílias paranaenses. O meio ambiente precisa conversar mais com o empresariado, sempre pensando em um Paraná cada vez mais desenvolvido!