Quem já leu alguns dos meus outros artigos ou assistiu alguma palestra minha, sabe que por diversas vezes eu menciono a importância do propósito.
O propósito deve estar presente nas empresas que abrimos, nas tarefas diárias que tocamos e no pensamento de longo prazo que desenvolvemos.
Mas se você lê meus artigos e assiste minhas palestras, sabe também que costumo dizer que “existe muita espuma por aí”. Muita espuma sobre inovação, startups, mindset. Espuma sobre o que é, de fato, empreender. E claro, sobre o tal do propósito.
Tenho observado que muitas empresas e muitos empreendedores, nesses últimos anos, tem colocado o propósito como “frente” do seu negócio. E quando digo frente, quero dizer: o propósito está em todo e qualquer discurso, em frases penduradas pelas paredes do escritório e em todo e qualquer tipo de comunicação da companhia.
Perceba que não existe nada de errado por si só em nenhuma dessas atitudes. Contudo, eu prefiro enxergar o propósito não como uma frase de efeito a ser repetida diversas vezes por aí, mas sim algo que está no background de tudo aquilo que um empreendedor ou empresa faz.
É importante, sim, que o propósito seja comunicado ao público e aos colaboradores, para que todos estejam alinhados naquilo que tem que fazer. Mesmo assim, tão importante quanto é, também, colocar aquele propósito em prática.
O propósito não pode ser apenas uma frase bonita para a biografia do perfil da empresa no Instagram, ou para estar emoldurada em um quadro nos corredores.
Propósito é prática.
Digo que o propósito é como o background de toda a empresa pois, mesmo que ele não seja repetido exaustivamente a todo momento e em toda reunião, ele deve ser como a base da pirâmide de todas as ações e de todo caminho que a empresa irá percorrer.
Você já deve ter percebido quantas empresas por aí possuem propósitos, missões e valores lindos, mas que na prática…Digamos que não é bem assim.
Outro ponto fundamental que enxergo sobre o propósito é que ele deve estar atrelado a um pensamento de longo prazo.
O propósito não pode simplesmente mudar de acordo com a estratégia da empresa. Ele deve guiar a estratégia. Ele deve ser como o núcleo que impulsiona todo o resto e não uma frase bonitinha.
“Mudar o mundo” é um propósito bem, bem bonito. Mas e a prática?
É muito mais poderoso um empreendedor que fala de seu propósito e deixa claro o porquê e o como ele faz (ou deseja fazer) aquilo, mostrando de A a Z como ele pretende chegar lá.
Um dos mais poderosos exemplos de propósito que conheço é do Jacson Fressatto, fundador do Robô Laura. Em 2010, a bebê Laura, filha de Jacson nasceu prematura em um hospital de Curitiba. Após 18 dias internada na UTI, infelizmente não resistiu à sepse, doença que mata mais de 230 mil brasileiros todos os anos.
Jacson então desenvolveu uma inteligência artificial que ajuda hospitais a gerenciar riscos. Hoje, o robô já está em 13 hospitais e ajuda a salvar 15 vidas por dia.
Inclusive, tive a honra de entrevistar o Jacson para o AAA. Assista uma parte da entrevista aqui.
Isso é propósito.
Defendo o propósito como background, como núcleo, como guia.
Por menos propósito de parede e por mais propósito de prática.