Morreu nesta quinta-feira, 25, no Hospital Sírio Libanês, aos 88 anos, a roteirista e cineasta Suzana Amaral, em consequência de problemas respiratórios. Ela estava internada para exames, mas a causa da morte não foi confirmada. A notícia foi divulgada por um grande amigo da família, o educador Paulo Portela. Muito abalada, a irmã de Suzana, a crítica Aracy Amaral, pediu a ele que fizesse a comunicação. O local do velório e o horário da cerimônia fúnebre serão divulgados logo mais. Ela era budista.
Suzana Amaral foi uma das maiores cineastas do Brasil, a diretora que conseguiu transpor para o cinema obras literárias de extrema complexidade, como A Hora da Estrela (1985), baseado no livro de Clarice Lispector, que garantiu à atriz Marcélia Cartxo o prêmio de melhor interpretação no Festival de Berlim de 1986. A adaptação manteve fidelidade ao texto original, mas acrescentou maior dramaticidade à história da jovem nordestina Macabéa, orfã de pai e mãe que se muda para São Paulo para ser datilógrafa e acaba atropelada por um carro de luxo. Só mesmo a sensibilidade de uma realizadora com uma experiência de vida singular (ela criou nove filhos) para tratar com sobriedade e respeito um clássico da literatura brasileira.
Ousada, Suzana também adaptou obras contemporâneas consideradas “intransponíveis’, como Hotel Atlântico (2009), sobre um homem angustiado rodeado pela presença da morte desde que testemunha o transporte de um cadáver num hotel. O filme amplia o universo do romance de João Gilberto Noll, funcionando como uma alegoria da abertura política de um país dominado pela ditadura. A diretora ainda recorreria à grande literatura brasileira para filmar Uma vida em segredo, em 2001, baseada na obra homônima de Autran Dourado.