O escritor mineiro Autran Dourado, ganhador dos principais prêmios de literatura da língua portuguesa, morreu na manhã de hoje (30), aos 86 anos, em sua casa, no bairro de Botafogo, zona sul do Rio. Natural de Patos de Minas, Waldomiro Freitas Autran Dourado escreveu seu primeiro livro, Teia, em 1947, e depois publicou mais 16 romances.

Entre as obras, destaques para O Risco do Bordado, de 1970, ganhador do prêmio Pen Club do Brasil, e As Imaginações Pecaminosas, vencedor do Prêmio Goethe de Literatura do Brasil, em 1981, e do Prêmio Jabuti, em 1982.

Autran Dourado foi reconhecido com o Prêmio Camões, em 2000, pelo conjunto de sua obra, em uma iniciativa conjunta dos governos do Brasil e de Portugal, e finalmente foi o vencedor do Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (ABL), em 2008.

Formado em Direito, trabalhou como taquígrafo e jornalista, profissão que o levou ao cargo de secretário de Imprensa do ex-presidente da República Juscelino Kubitschek, de 1958 a 1961. O velório de Autran Dourado aconteceu no Cemitério São João Batista, onde foi sepultado às 16h.

A presidenta da ABL, Ana Maria Machado, ressaltou a admiração que sempre teve pela obra de Autran Dourado, que considerava um escritor completo. “Do ponto de vista da literatura, o país não perde quando um escritor morre, porque a obra continua. E o Autran Dourado foi um grande escritor”.

Ana Maria Machado lembrou que, em suas histórias, o autor sempre esteve ligado à cultura de Minas Gerais. “A obra dele encarnou muito a memória de Minas, a interiorização mineira, a intimidade, a presença da família. Ele tinha uma tremenda consciência de seu ofício, uma clareza sobre o que era escrever. O Risco do Bordado é um livro de quem conhece tudo. Autran Dourado era muito profissional.”