A família do montanhista Sandro Godoy, que morreu no Panamá após ser picado por uma cobra, encontra dificuldades para conseguir a liberação da empresa que fará o processo de translado do corpo para o Brasil.
Segundo familiares da vítima, nesta sexta-feira (1), o país caribenho liberou a documentação que autoriza o transporte do montanhista, mas, desde então, eles aguardam que a transportadora aérea, com sede em São Paulo, aceite o envio do corpo.
“Precisamos que a Copa Cargo aceite o envio da Copa Cargo Panamá, eles não aceitaram o envio”, disse a sobrinha de Sandro. A jovem ainda explicou que a família vem tentando, desde às 18h de sexta, contato com a sede da empresa no Brasil, mas não obteve sucesso.
Alguns parentes chegaram a ir até o Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, para tentar algum contato direto com atendentes da companhia aérea que fará o translado, e, mesmo assim, nenhuma providência foi tomada.
Além disso, funcionários da Embaixada do Brasil no Panamá, que auxiliam no caso, também vêm tentando conversar com alguém na sede brasileira da Copa Cargo e não conseguem ser atendidos.
Família de montanhista morto no Panamá arrecada dinheiro para trazer o corpo
A primeira adversidade enfrentada, após a tragédia que atingiu a família curitibana, foi a arrecadação da quantia necessária para pagar pelo transporte do corpo do montanhista: R$ 32 mil.
Na quinta-feira (31), amigos e familiares foram para a rua vender água e uma vaquinha virtual foi criada para angariar doações. Graças a ajuda da população e ao apoio de diversos veículos de comunicação que divulgaram a ação, no fim do dia, o valor do translado foi alcançado.
Entenda o caso
O montanhista curitibano morreu após ser picado por um cobra no Panamá, no último domingo (27), quando tentava resgatar a companheira de trilha que havia despencado de uma montanha. De acordo com Queila Souza, ela e Sandro subiram o Cerro Trinidad no sábado (26) e quando iniciavam a descida, por volta das 16h, o acidente aconteceu.
Na ocasião, a mulher – que caiu de uma altura aproximada de 200 metros- bateu a cabeça, desmaiou e acordou quando já era noite. Sem nenhum visibilidade, ela permaneceu no local até a manhã de segunda-feira (28), quando subiu a trilha e encontrou o montanhista curitibano morto, deitado em uma pedra. Ela chegou acreditar que ele estivesse dormindo, mas quando tocou em Sandro, percebeu que o corpo já estava frio e que ele apresentava mãos e lábios roxos.
“Quando eu subi eu já encontrei ele morto”, contou Queila.
“Em que momento que ele levou a mordida também não sei porque eu nem sabia que ele tinha levado a mordida. Quando eu subi eu já encontrei ele morto. Isso quer dizer o que, que ele foi picado depois que eu caí ou ele tava tentando me resgatar ou, de repente, uma cobra tava ali em cima já ou talvez eu até tenha me assustado com a cobra . Eu não me lembro. Acho que por conta do trauma, eu esqueci”, explicou a companheira do montanhista.
Ainda conforme Queila, os bombeiros que fizeram o resgate dos dois também observaram pegadas de Sandro em direção ao local onde ela estava desacordada, o que pode apontar que o montanhista foi picado pela cobra enquanto tentava resgatá-la.
A família não sabe informar qual cobra picou a vítima, mas pontuou que o montanhista estava com a mão bastante inchada quando foi encontrado morto.
Montanhista não estava tirando selfie
Ainda conforme Queila, ela não lembra exatamente como tudo aconteceu, mas ela nega que tenha despencado da montanha enquanto tirava uma selfie. “Eu não me recordo do momento da queda. Mas eu nunca fazia selfie,então é impossível ter sido por causa de uma selfie. Eu já tava com a minha mochila nas costas, isso quer dizer então que a gente já tava voltando, a gente já ia começar a descer. O mais provável é que tenho escorregado porque tava liso lá. Eu lembro da gente ter comido e a gente só ficar um pouco lá em cima e ia voltar. A gente não tinha nem visão de lá de cima. Eu devo ter escorregado em uma pedra”, disse no áudio.