É comum ouvir nos corredores das empresas – especialmente no setor de RH – que o século XXI enfrenta um “apagão” de talentos e mão de obra. Por outro lado, muitos profissionais competentes têm dificuldade em encontrar o trabalho ideal ou de se manter no emprego. Sem dúvida, há baixa qualificação em alguns segmentos e cobranças cada vez maiores nas empresas. As exigências do empregador, contudo, não estão necessariamente alinhadas com o que o profissional capacitado está buscando. A verdade é que a tese do apagão não deve servir de muleta para impedir que as empresas criem um ambiente ideal para reter, desenvolver e conquistar talentos.

E o que são talentos? São profissionais que entendem os desafios dos negócios, demonstram prontidão e iniciativa, estão preparados para responder às demandas do mercado, se ajustam à instabilidade e a regras nem sempre claras e se realizam com o trabalho. E estes talentos fazem uma enorme diferença na companhia que depende
deles para reinventar, reestruturar e reorganizar o negócio. Ocorre que, na
maioria das vezes, os empregadores não sabem como retê-los, desenvolvê-los
internamente ou atraí-los.

Para mantê-los na empresa é essencial ter um planejamento. Pesquisa recente da Catho, empresa de vagas e currículos online, aponta que o bom relacionamento com os colegas no ambiente de trabalho é o item mais relevante para o funcionário. Teve avaliação média de 8,6 no ranking dos fatores de motivação na carreira.

Em segundo lugar ficou o reconhecimento como um bom profissional, seguido de fazer o que gosta. Ganhar dinheiro, que muitos acreditam ser o fator principal de motivação, ficou na sétima posição, atrás de trabalhar com pessoas que admira, ter desafios constantes e ter autonomia de ação. Os demais foram: flexibilidade de horário, possibilidade de crescimento na empresa, possibilidade de coordenar/gerenciar pessoas e participar nas decisões estratégicas da empresa.

Não há novidades nesta pesquisa, especialmente no que se refere ao item do topo, o bom relacionamento com colegas.  E o fato do resultado não ser surpresa é preocupante. É um ponto de atenção importantíssimo que deve ser observado pelos recrutadores e por todos aqueles que querem manter seus bons funcionários e garantir o sucesso do negócio. Há muito tempo os RHs discutem sobre o ambiente de trabalho e sua relevância para reter bons profissionais. Se este item ainda
está em evidência em análises como esta é porque ele não tem sido levado a
sério nos debates internos.

Levar a sério é na realidade o ponto principal desta discussão sobre talentos. A forma de procurar empregos mudou, o currículo de papel está se extinguindo, a geração Y tomou conta de diversos cargos no mercado, as relações se reinventaram, mas, poucos efetivamente levam a sério esta nova ordem.  Reter talentos nada mais é do que saber ouvir e aplicar o conhecimento adquirido com estes profissionais de forma eficiente, mostrando aos talentos que nós, do setor de Recursos Humanos também estamos preparados para nos reinventar, reestruturar e reorganizar.

*Psicóloga formada pela UFPR, pós-graduada em Administração e Gerência pela IEGE/UFPR e diretora de RH da Catho