O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), usou neste domingo, 28, sua conta no Twitter para repercutir pesquisa Datafolha que mostra que 75% dos brasileiros apoiam o regime democrático. Maia celebrou o resultado, e, sem mencionar situações ou fatos específicos, lamentou ainda existirem discussões em torno de posturas totalitárias e antidemocráticas “em pleno Século XXI”.
“Fico feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz por ver que o brasileiro não permitirá um retrocesso institucional. Triste por ter que, em pleno Século XXI, me preocupar com uma discussão que já deveria estar enterrada”, escreveu Maia em um conjunto de quatro mensagens postadas na rede social.
O parlamentar relatou que nasceu no Chile em 1970, que é filho de um brasileiro perseguido pela ditadura (o ex-prefeito do Rio Cesar Maia) e uma chilena (Mariangeles Ibarra). “Saímos de lá no ano seguinte com a chegada de Pinochet ao poder”, contou, em referência ao general e ditador Augusto Pinochet que ficou no comando do Chile no período de 1973 a 1990.
“Meus pais conheceram a dor da separação forçada e o abuso da força da ditadura”, acrescentou Maia. “Por mais que uma minoria ainda tente ressuscitar o terror, o horror da ditadura não retornará tão cedo por aqui”, continuou.
Ele disse ainda que hoje é “dia feliz para os que prezam os direitos humanos, as minorias, o respeito e a diversidade” e “dia triste para os saudosistas do autoritarismo”.
O presidente da Câmara, ao falar classificar o domingo como um “dia feliz”, lembrou ainda que neste dia 28 de junho, é comemorado o Dia Internacional do Orgulho LGBT.
A pesquisa
O apoio do brasileiro à democracia atingiu o maior índice da série histórica em meio ao agravamento da crise política do governo Jair Bolsonaro, mostrou a pesquisa Datafolha publicada neste domingo.
Segundo o instituto, 75% dos entrevistados consideram o regime democrático o mais adequado, enquanto 10% afirmam que a ditadura é aceitável em algumas ocasiões. O apoio atual à democracia é o maior desde 1989, quando o Datafolha começou a aferir o dado.
Em dezembro, última sondagem em que foi feita a mesma pergunta, 62% apoiavam a democracia e um número semelhante ao de agora, 12%, a ditadura.
O contingente entre aqueles para quem tanto faz o regime caiu de 22% para 12%.
No período, houve um recrudescimento da crise no Brasil, com enfrentamento direto de Bolsonaro com o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. Insatisfeito com decisões que o desagradaram, o presidente apoiou atos pedindo o fechamento de outros Poderes e insinuou o uso das Forças Armadas em seu favor.
Foram ouvidas 2.016 pessoas nos dias 23 e 24, por telefone. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.