Madeleine Albright, ex-secretária de Estado dos EUA e ícone feminista, morre aos 84 anos
Por Diane Bartz
WASHINGTON (Reuters) – Madeleine Albright, que fugiu dos nazistas quando era criança na Tchecoslováquia, sua terra natal, durante a Segunda Guerra Mundial e se tornou a primeira mulher secretária de Estado dos EUA, e no seus últimos anos virou um ícone da cultura feminista, morreu nesta quarta-feira (23) aos 84 anos.
A sua família anunciou a morte pelo Twitter e disse que ela morreu de câncer.
Albright foi embaixadora dos EUA na ONU entre 1993 e 1997, no governo do presidente Bill Clinton. Ele depois a indicou para ser a primeira mulher secretária de Estado, papel que ela exerceu de 1997 a 2001.
Ela era uma diplomata que falava duro em um governo que hesitou em se envolver nas duas maiores crises de política externa dos anos 1990 — os genocídios em Ruanda e Bósnia.
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Quando a era Clinton e os anos 1990 terminaram, Albright virou um ícone para uma geração de jovens mulheres que buscavam inspiração na procura por oportunidade e respeito no ambiente de trabalho. Albright gostava de dizer: “Há um lugar especial no inferno para mulheres que não se ajudam”.
Albright era um contraste marcante em relação a seus antecessores e colegas masculinos em ternos. Ela usava roupas e joias para enviar mensagens políticas. Uma das suas favoritas foi um broche de cobra, referência ao líder iraquiano Saddam Hussein que a havia chamado de “incomparável serpente”.
Nascida Marie Jana Korbelova em Praga, em 15 de maio de 1937, sua família fugiu em 1939 para Londres, quando a Alemanha ocupou a Tchecoslováquia. Ela fez escola na Suíça aos 10 anos e adotou o nome Madeleine.
Ela foi criada como católica romana, mas depois que se tornou secretária de Estado, o Washington Post desenterrou documentos mostrando que sua família era judia e parentes, incluindo três avós, morreram no Holocausto. Seus pais provavelmente se converteram ao catolicismo do judaísmo para evitar a perseguição à medida que o nazismo ganhava força na Europa, informou o jornal.
Após a guerra, a família deixou Londres e voltou para a Tchecoslováquia, então a caminho de uma tomada do poder pelos comunistas.
Seu pai, um diplomata e acadêmico que se opunha ao comunismo, levou a família para os Estados Unidos.
(Reportagem de Diane Bartz; Reportagem adicional de Fatos Bytyci em Pristina e de Rami Ayyub e Simon Lewis em Washington)