07/04 – Apresentação
A tradicional agitação de Las Vegas permanece, mas durante uma semana a cidade dá lugar a um palco onde se apresentam os maiores desenvolvedores, fabricantes e usuários de equipamentos e tecnologia de mídia eletrônica do mundo: é a NAB SHOW.
Como tudo por aqui, uma estrutura gigantesca é montada, tanto no espaço da feira, como na cidade. Afinal, receber quase 100 mil pessoas, de 150 países é para quem é profissional no assunto de hospitalidade, na qual Las Vegas é “PHD”.
Mas o tema aqui não é diversão, mas tecnologia e inovação. Este, o principal esforço dos 1.500 expositores. Empresas e profissionais que por anos a fio investem tempo e dinheiro na busca de equipamentos mais completos em termos de qualidade de produção audiovisual, para cinema, televisão, internet e mídia de forma geral. Sempre de olho em novos mercados e oportunidades, disputam cliente que querem buscam excelência de áudio e vídeo em seus equipamentos de captação, edição, transmissão e exibição, em telejornais, programas de entretenimento, novelas, filmes e vídeo clipes.
Bonito de ver que, entre sorrisos e cumprimentos nos estandes, uma verdadeira guerra é travada nos bastidores para ver quem lança o produto melhor, mais inovador e, acima de tudo, que consiga atrair os olhos e fazer com que empresas coloquem a mão no bolso e paguem fortunas, muitas vezes, por um pequeno equipamento ou um software, que foi desenvolvido.
O sucesso é medido basicamente em duas frentes: aceitação e aprovação dos usuários, que se resume em vendas. Consequentemente, pagamento da conta dos desenvolvedores que gastaram em P&D – Pesquisa e Desenvolvimento. Aliás, um tema tratado com muita naturalidade fora do Brasil, que ainda investe muito pouco em soluções futuras em termos de tecnologia seja em qualquer área. Nem empresas e nem governo tem esta “mina de dinheiro” chamada inovação entre as suas prioridades.
E, falando em inovação, de olho no potencial do mercado brasileiro, a Sony, uma das gigantes do mercado, faz uma apresentação especial para a multidão de brasileiros que vem para feira. Aliás, é o primeiro evento antes da abertura oficial da NAB e as apresentações principais ficaram em cima das tecnologias de captação 4K e 8K, este último mais moderno e robusto. A novidade é que os grandes fabricantes, como a Sony, já não olham mais apenas para o setor de “broadcasting” e consumidor doméstico, mas também para áreas de grandes projetores.
Nos próximos dias, neste espaço, você vai conhecer as principais novidades da feira, a partir do olhar de profissionais do GRUPO RIC, que está com uma delegação na NAB, como acontece há muitos anos, buscando tecnologia para melhorar ainda mais seus produtos.
08/04 – “Torre de babel”
Uma confusão de idiomas, dialetos e questionamentos. É assim o primeiro dia da NAB, a maior feira de equipamentos da indústria do audiovisual. Cem mil pessoas, de 150 países, querendo oferecer e receber informações, além de apresentar, vender e comprar modernas soluções tecnológicas.
Em cada “stand”, modernidades e avanços tecnológicos promovidos das mais diversas formas: apresentações personalizadas, show cases, demonstrações, entregas de folders, conversas com técnicos e até os diretores e donos de algumas das principais empresas deste mundo da tecnologia, que está em constante mutação. Este “post” se resolve com um “book” de fotos, uma vez que as novidades empresariais e tecnológicas vão ganhar espaço numa próxima publicação daqui da NAB.
09/04 – Jornalistas, na “guerra” pela notícia
Há três anos os fabricantes de equipamentos apresentam às emissoras de televisão uma solução batizada no Brasil de mochilink. Traduzindo, para quem não é da área, é uma mochila com um equipamento de transmissão de imagens. Nele é acompanhada uma câmera, que tem o sinal transmitido para uma emissora ou outra base. Aqui, como em muitos segmentos, a base da pesquisa e desenvolvimento são os equipamentos de guerra.
Com mochilink não foi o contrário. Na guerra do Iraque os jornalistas da “velha guarda” tiveram que se adaptar com a chamada transmissão satelital e com os notebooks. Numa visão multitarefa, produziam conteúdo para TV, rádio, impresso e ainda internet. Foi uma das primeiras experiências na quais jornalistas puderam transmitir suas percepções de dentro do campo de batalha, fazendo parte de missões, principalmente americanas.
Já, na Guerra do Golfo, as missões presenciais continuaram e os mochilink, aliados dos soldados para mandar informações confidenciais do “front”, também foram suporte importante para os veículos de comunicação.
Nas últimas feiras da NAB o equipamento apareceu voltado fortemente para as emissoras de televisão, para uso no jornalismo diário, transmissão de maratonas, trabalhos de correspondentes internacionais e missões de aventuras em locais remotos.
Hoje, funcionam muito bem nos Estados Unidos, Canadá, Israel, Japão, Coreia, entre outros de elevado desenvolvimento tecnológico. No Brasil o equipamento ainda “patina”, com raras exceções, pois tem na transmissão de 3G ou 4G sua principal e mais econômica plataforma de transmissão.
Um equipamento deste, para compra, custa cerca de 30 mil dólares ou ainda pode ser alugado por um valor de três mil dólares por mês.
Bela tecnologia, que dá agilidade e mais informações ao público, mas que ainda é proibitiva para o Brasil, de forma geral, por conta de uma outra guerra, que os brasileiros estão perdendo todo dia: a guerra por achar uma operadora boa e a guerra na busca por um sinal de telefonia.
* Nas fotos acima, um modelo canadense apresentado na feira. Por ser carregado na mão, como uma maleta ou ainda numa mochila. Além das câmeras tradicionais, pode receber sinal de câmaras Go Pro, da Apple ou Android, nos smartphones.
Miniaturas que fazem milagres
Se as câmaras fotográficas digitais trouxeram uma revolução, as novas, pequenas mais potentes filmadoras estão fazendo o maior sucesso. A primeira novidade no mercado, que conquistou os aventureiros, que passaram a gravar suas peripécias, foi a Go Pro. Ela começou com cara de amadora, gravando apenas vídeo sem áudio e logo ganhou virtudes de equipamento “de gente grande”. Respeitada e usada por profissionais de televisão e até cinema, ganhou gravador de vídeo e qualidade HD.
Presente na NAB há anos, a GO PRO, que custa hoje no mercado de 299 dólares na versão antiga e 399 dólares na versão Black (último lançamento) ganhou companhia – a Replay XD. Em duas versões, promete qualidade igual ou superior à concorrente, com um detalhe, custa entre 199 dólares e 299 dólares, na edição mais avançada.
Saber ao certo se funciona bem, só usando. Aliás, falando em colocar este equipamento para trabalhar, tem-se que pensar nos famosos Drones. Drones, Drones, Drones… estão por muitos lugares aqui e são a ferramenta do futuro, não só nas emissoras de TV ou produção audiovisual, mas na agricultura, meteorologia, vigilância. Mas Drone é tema para um próximo post.
10/04 – Mudanças estratégicas
As fusões, aquisições e modelos de negócios para gerar crescimento e competitividade chegam com força às empresas de equipamentos para o mercado de produção de cinema, rádio e televisão.
Numa estratégia parecida com a que acontece no Brasil com bancos, telefonia e até supermercados, entre outras empresas, na NAB uma das perguntas mais ouvida é o famoso “quem é quem?, “quem comprou quem?”, “quem se fundiu com quem?”.
A Imagine, nome e empresa que tem no DNA a força da Harris, fabricante conhecido e respeitado dos brasileiros, fez esforço extra de relacionamento e marketing para apresentar seu novo posicionamento de mercado. Ela vai atuar com infraestrutura e modulares e, após o movimento societário, o seu valor cresceu cinco vezes. O próximo passo, informado pela direção, é lançar ações na Bolsa.
No modelo de captação de recursos de investidores privados, a “new” Imagine se caminha rapidamente, comprando concorrentes ou ainda empresas que possam agregar tecnologia e produtos de alta rentabilidade ao seu negócio. Já comprou a Digital Rapids e para estes dias anuncia uma outra aquisição que faz com que, dentro do negócio audiovisual, a Imagine só não tenha para vender câmeras e switchers. A contar pela energia do vice-presidente, que circulava pela NAB falando abertamente das mudanças e força da nova empresa, não será surpresa se a linha de produtos fique completa em pouco tempo.
Outra “soma” de gigantes foi entre a Snell e Quantel. Se por um lado as mudanças deixam os comprados na expectativa, por outro fortalece as empresas, principalmente americanas que, historicamente, se beneficiavam com altos investimentos em pesquisa por conta da indústria bélica. Agora ficará para o mercado ditar o ritmo de algumas das inovações na vida das pessoas.
Mais uma sigla na nossa vida
AM, FM, TV, SD, HD… As siglas na vida das pessoas vêm se multiplicando por mil há alguns anos. A gente nem se familiariza e uma nova tecnologia chega com mais um nome, geralmente uma abreviatura do inglês, que tem que ser aprendido e incorporado ao vocabulário.
Pois então: em termos de televisão o HD mal se incorporou ao nosso dia-dia e já deu lugar ao 4 K (tento explicar na sequência) e que já está abrindo espaço para testes do 8K.
Em suma a novidade melhora a qualidade de áudio e vídeo do processo de captação de imagens, edição, transmissão e recepção do consumidor de conteúdo audiovisual, veiculado por qualquer plataforma.
No caso da Sony a tecnologia aparece entre os seus destaques para 2014, junto com a produção dos gigantescos telões de LED, obrigatórios nos estádios que vão sediar a Copa do Mundo no Brasil e um sistema de apresentação interativo, para palestras, aulas e conferências.
Na abertura do evento da Sony, inclusive, foi apresentado um vídeoclipe da banda brasileira Jota Quest, que foi gravado em 4 K, pelo braço musical da empresa.
Aliás, por falar em Sony, é aparente a busca pela empresa de ouros nichos de mercado, tema que merece um post a parte, assim como a questão do 8 K, que envolve um ex-vizinho do Brasil, sua santidade, Francisco.
8 K – Sonho distante no Brasil
A tecnologia de 8 K não ganhou o mercado e está em fase avançada de testes. Captações foram feitas em jogos de futebol, shows e no carnaval brasileiro, por conta da riqueza de cores, principalmente. Os pesquisadores e técnicos vão à exaustão, “estressado” os equipamentos, na busca de resultados surpreendentes.
A novidade, no caso do 8 K da Sony, é que uma das suas principais parceiras nos testes, a TV NHK do Japão, já mostrou na feira NAB imagens com as novas câmeras e até montou estúdios de ensaios de cores e resolução, como mostram as fotos.
Uma sala de exibição da NHK também ficou concorrida com as sessões com áudio e vídeo em 8 K. Quem teve tempo e coragem para enfrentar a fila viu a novidade em primeira mão. No caso do mercado brasileiro, o 8 K é uma realidade distante da maioria das emissoras de televisão, que ainda nem renovaram suas plataformas no 4 K e, no caso dos telespectadores, trata-se de uma coisa para daqui a muitos e muitos anos. Coisa de décadas. Espero estar enganado.
Olho no lance
A revitalização e modernização de estádios mundo a fora e a Copa do Mundo no Brasil estão fazendo a Sony abrir uma nova frente, que é dos super telões, já utilizando tecnologia 4 K. A empresa não produz apenas a tela gigante, mas todo o “workflow”, como eles chamam por aqui, que é o conjunto, que vai desde a captação, processamento de imagens e distribuição; um negócio que envolve desde um simples conector até câmeras caríssimas, lentes e os potentes telões, que são de LED.
O valor de uma dessas câmeras, por exemplo, passa fácil dos 100 mil dólares, sem falar das lentes. Para facilitar a conta basta lembrar quantos ângulos a gente observa numa boa transmissão de futebol, por exemplo.
Maracanã e Arena da Baixada estão entre os cinco estádios no Brasil em que a japonesa Sony instalou telões, sem contar com o novo estádio do Palmeiras, que terá o maior telão de LED do Brasil.
Sem entrar no mérito e briga futebolística, os equipamentos são um belo ganho para transformar o futebol, paixão nacional, num grande espetáculo, com replays, câmeras exclusivas entre outros detalhes. Para os times, uma janela enorme para ganhar mais dinheiro com publicidade e realização de mega shows em suas arenas. Com toda certeza a conta do investimento se paga rapidinho.
Ano de ouro
No estande da Sony o diretor do mercado Brasil, Luiz Padilha, tinha motivo de sobra para sorrir. No relatório que apresentou à matriz, crescimento expressivo em três segmentos fortes e promissores: 44% no broadcasting (equipamentos profissionais), 17% em segurança e espantosos 54% no de projetores. Naturalmente que os japoneses, que estão surrando nesta onda, sabem que a Copa é a grande puxadora deste movimento.
Aliás, falando ainda em Copa, só a venda de câmeras cresceu 20%.
Outro recorde foi na construção de caminhões de transmissão. Foram seis no prazo de um ano. Brinquedinhos que não saem por menos de 10 milhões cada um. E, nesta conta, a máquina que puxa a tecnologia embarcada custa míseros 300 ou 400 mil reais.