Após ocultar post de Bolsonaro, Facebook vai deletar 50 milhões de postagens falsas
No dia em que o Instagram bloqueou uma postagem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre mortes do novo coronavírus no Ceará, o Facebook, dono do Instagram, fez um anúncio importante. A rede social vai deletar cerca de 50 milhões de postagens relacionadas ao novo coronavírus, publicadas tanto no Facebook quanto no Instagram.
A ação faz parte de medidas tomadas para prevenir a disseminação de conteúdos falsos ou duvidosos na internet. Segundo o Relatório de Aplicação dos Padrões da Comunidade, as publicações que vão ser deletadas foram consideradas incompatíveis com as políticas da empresa.
“Passamos os últimos anos construindo ferramentas, equipes e tecnologias para ajudar a proteger as eleições de interferências, evitar a disseminação de desinformação em nossos aplicativos e manter as pessoas protegidas de conteúdos nocivos”, afirma o vice-presidente de Integridade do Facebook, Guy Rosen, em comunicado.
O relatório do Facebook diz também que a maior parte do trabalho de filtragem de conteúdo é feito por algoritmos de inteligência artificial que identificam conteúdos abusivos com expressões de discurso de ódio, nudez adulta e atividades sexuais, violência e conteúdo explícito, bullying e assédio.
Apenas uma parte da filtragem é reavaliada por revisores de conteúdo, enquanto a maior parte é excluída automaticamente. “Trabalhamos com mais de 60 organizações de verificação de fatos que revisam e classificam conteúdos em mais de 50 idiomas ao redor do mundo. No mês passado, continuamos a expandir nosso programa para adicionar mais parceiros e idiomas. Desde o início de março, adicionamos oito novos parceiros e expandimos nossa cobertura para mais de uma dúzia de novos países”, revela Rosen.
As postagens removidas, que continham desinformação sobre o novo coronavírus, foram avaliadas com base em 7.500 artigos científicos usados para comparar fatos entre os textos publicados nas redes sociais e o entendimento médico-científico atual sobre a doença.
O levantamento também marca a primeira vez que o Facebook e Instagram divulgam informações sobre apelações feitas por usuários de ambas as plataformas. De janeiro a março de 2020, das 2,3 milhões de postagens excluídas por violação dos termos de uso, 613 mil foram restauradas após análise de avaliadores.
Post de Bolsonaro bloqueado no Instagram
Nesta terça-feira, o Instagram ocultou uma publicação do presidente Jair Bolsonaro e colocou alerta de fake news. Compartilhada na noite desta segunda-feira (11), a postagem continha informações falsas sobre o número de mortes por covid-19 no Ceará.
O post, que tinha sido feito pelo deputado estadual André Fernandes (PSL-CE), afirmava que, apesar da pandemia, o Ceará tinha número de mortes por doenças respiratórias menor em 2020 em comparação com o ano passado.
O presidente compartilhou a publicação com a mensagem “Toda vida importa! Entretanto há algo muito ‘estranho’ no ar!”, junto com a imagem que apontava o número de mortos no estado nordestino em 2019 e 2020 entre o período de 16 de março a 10 de maio. “2019 sem Covid: 6.377; 2020 com Covid: 6.296”. Em seguida, o post questionava “Por que em 2019 não teve o mesmo alarde?”.
Uma agência independente alertou o Instagram que a notícia era falsa e a rede social agiu. Conforme a Agência Lupa, os números divulgados pelo deputado eram imprecisos, uma vez que incluíam mortos por outras doenças, como câncer e AIDS. O próprio deputado refez, depois, a postagem. Ele tirou a palavra “respiratórias” e deixou apenas “mortes por doenças”.