Após ocultar post de Bolsonaro, Facebook vai deletar 50 milhões de postagens falsas

por Redação RIC.com.br
Com informações da Agência Brasil
Publicado em 12 maio 2020, às 00h00. Atualizado em: 15 set 2020 às 07h12.

No dia em que o Instagram bloqueou uma postagem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre mortes do novo coronavírus no Ceará, o Facebook, dono do Instagram, fez um anúncio importante. A rede social vai deletar cerca de 50 milhões de postagens relacionadas ao novo coronavírus, publicadas tanto no Facebook quanto no Instagram.

A ação faz parte de medidas tomadas para prevenir a disseminação de conteúdos falsos ou duvidosos na internet. Segundo o Relatório de Aplicação dos Padrões da Comunidade, as publicações que vão ser deletadas foram consideradas incompatíveis com as políticas da empresa.

“Passamos os últimos anos construindo ferramentas, equipes e tecnologias para ajudar a proteger as eleições de interferências, evitar a disseminação de desinformação em nossos aplicativos e manter as pessoas protegidas de conteúdos nocivos”, afirma o vice-presidente de Integridade do Facebook, Guy Rosen, em comunicado.

O relatório do Facebook diz também que a maior parte do trabalho de filtragem de conteúdo é feito por algoritmos de inteligência artificial que identificam conteúdos abusivos com expressões de discurso de ódio, nudez adulta e atividades sexuais, violência e conteúdo explícito, bullying e assédio.

Apenas uma parte da filtragem é reavaliada por revisores de conteúdo, enquanto a maior parte é excluída automaticamente. “Trabalhamos com mais de 60 organizações de verificação de fatos que revisam e classificam conteúdos em mais de 50 idiomas ao redor do mundo. No mês passado, continuamos a expandir nosso programa para adicionar mais parceiros e idiomas. Desde o início de março, adicionamos oito novos parceiros e expandimos nossa cobertura para mais de uma dúzia de novos países”, revela Rosen.

As postagens removidas, que continham desinformação sobre o novo coronavírus, foram avaliadas com base em 7.500 artigos científicos usados para comparar fatos entre os textos publicados nas redes sociais e o entendimento médico-científico atual sobre a doença.

O levantamento também marca a primeira vez que o Facebook e Instagram divulgam informações sobre apelações feitas por usuários de ambas as plataformas. De janeiro a março de 2020, das 2,3 milhões de postagens excluídas por violação dos termos de uso, 613 mil foram restauradas após análise de avaliadores.

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Postagem do presidente foi considerada fake news. Foto: Reprodução/Instagram.

Post de Bolsonaro bloqueado no Instagram

Nesta terça-feira, o Instagram ocultou uma publicação do presidente Jair Bolsonaro e colocou alerta de fake news. Compartilhada na noite desta segunda-feira (11), a postagem continha informações falsas sobre o número de mortes por covid-19 no Ceará.

O post, que tinha sido feito pelo deputado estadual André Fernandes (PSL-CE), afirmava que, apesar da pandemia, o Ceará tinha número de mortes por doenças respiratórias menor em 2020 em comparação com o ano passado.

O presidente compartilhou a publicação com a mensagem “Toda vida importa! Entretanto há algo muito ‘estranho’ no ar!”, junto com a imagem que apontava o número de mortos no estado nordestino em 2019 e 2020 entre o período de 16 de março a 10 de maio. “2019 sem Covid: 6.377; 2020 com Covid: 6.296”. Em seguida, o post questionava “Por que em 2019 não teve o mesmo alarde?”.

Uma agência independente alertou o Instagram que a notícia era falsa e a rede social agiu. Conforme a Agência Lupa, os números divulgados pelo deputado eram imprecisos, uma vez que incluíam mortos por outras doenças, como câncer e AIDS. O próprio deputado refez, depois, a postagem. Ele tirou a palavra “respiratórias” e deixou apenas “mortes por doenças”.