O ex-marido da comerciante Bernadete Dolores Dullazella, 43 anos, sequestrada e assassinada no último domingo (17), após assalto em sua panificadora, foi preso por suspeita de participação no crime. João Carlos Soczek, 43 anos, também era sócio da Confeitaria Maggiore, no bairro Mercês. Segundo a Delegacia de Furtos e Roubos, que investiga o caso, a motivação para o assassinato pode ter sido financeira e passional. Os dois foram casados durante 20 anos, tiveram três filhos e estavam separados há dois anos.

Uma camiseta amarela alusiva a um passeio ciclístico, encontrada junto aos pertences de Soczek, foi decisiva nos rumos da investigação da equipe da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) contra o assassino, que confessou ter matado sua ex-esposa com disparos na nuca, na Estrada Dom Pedro, localidade de Mato Limpo, Campo Magro, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), na noite do último domingo (17). Na tarde desta terça-feira (19), os policiais chegaram até o outro suspeito, Jeferson Aparecido de Paula, 27 anos, o “Jefinho”, que ajudou Soczek a cometer o crime. Ele foi preso na zona rural de Joaquim Távora, por investigadores comandados pelo delegado adjunto da DFR, Danilo Zarlenga.

O titular da DFR, Amarildo José Antunes, contou que vários indícios e depoimentos apontavam para o ex-marido como sendo o autor do crime. Todavia, ele negou várias vezes, até que ao vestir uma camiseta amarela similar à usada no momento do homicídio ele confessou.

A panificadora e confeitaria foi invadida por dois homens armados na noite de domingo (17). Eles renderam a mulher e a filha dela, de 6 anos, chegando inclusive a colocar fita isolante na boca da menina, para evitar que ela gritasse. Depois disso, a mulher foi colocada no porta-malas de seu carro, um Picasso preto, e levada para a estrada rural, onde foi morta e teve o corpo encontrado por populares por volta das 9h do dia seguinte. Além dos projéteis na nuca, a mulher teve pernas, costela e dedos quebrados, o que faz a polícia imaginar que ela pode ter sido torturada antes do homicídio “Nas imagens das câmeras de segurança dá para ver que os dois homens cobrem o rosto e usam luvas para não deixar sinais. Mas dá para ver também que os marginais sabiam exatamente onde estavam as câmeras de segurança e os objetos que queriam levar: duas televisões e um cofre”, contou o delegado.

Com essas informações, a DFR partiu para uma linha de investigação de que os matadores seriam pessoas próximas da vítima. “Descobrimos então que na sexta-feira (16) o ex-marido havia levado uma amigo para conhecer a panificadora, que ainda lhe pertencia parcialmente. Comparamos as imagens das duas cenas e descobrimos características semelhantes entre os dois bandidos e os dois homens que estiveram lá na sexta. O jeito de andar e o braço de um deles fazia com que muitos parentes imaginassem que era o ex-marido”, contou Antunes, destacando que em momento algum o homem chegou a confessar. “Aí entra a camiseta amarela. Durante o crime, o homem veste uma camiseta amarela e coloca outra sobre a cabeça para se proteger. Depois descobrimos que Soczek jogou fora todas as roupas usadas no crime, mas como a camiseta não era tão comum, perguntamos ao filho de 17 anos do casal, que reconheceu a camiseta com sendo do pai. Descobrimos que o homem tinha três camisetas iguais. Duas ele jogou fora, mas a terceira camiseta foi encontrada na sua casa. Ao fazermos ele vestir a camiseta, na madrugada de segunda, ele acabou confessando”, contou o delegado.

Documento e crueldade
Na delegacia, Soczek disse que levou “Jefinho” apenas para conhecer a panificadora e este o pediu R$ 10 mil. Caso o empresário não lhe entregasse o dinheiro, o bandido ameaçou sequestrar a filha de Soczek, já que era público que Bernadete pagaria qualquer quantia pela vida da filha. Então, o empresário disse que resolveu ajudar “Jefinho” num assalto. Soczek afirmou não saber que “Jefinho” colocou sua ex-mulher no porta-malas do carro e que ficou sabendo do crime pela imprensa, no dia seguinte.

A versão dada por “Jefinho” é outra completamente diferente. O palhaço de rodeio afirmou que era amigo de Soczek e que há três meses o empresário havia lhe oferecido dinheiro para “dar um susto” ou até mesmo matar Bernadete. A proposta seria de três parcelas de R$ 3 mil para “dar o susto” ou R$ 40 mil para matar. Passado este tempo, “Jefinho”, que é do norte do Estado, voltou a Curitiba e foi convidado a participar da ação criminosa orquestrada por Soczek. “Ele disse quando entraram lá eles já sabiam onde tudo estava e que o empresário programou tudo, inclusive levar mulher. ‘Jefinho’ contou que Soczek foi com seu carro particular, na frente, guiando até o local onde ocorreria a execução”, contou Antunes. Chegando lá, o empresário mandou o palhaço atirar contra a mulher, mas este se negou e o próprio Soczek atirou três vezes na nuca de Bernadete, segundo “Jefinho”.

No momento da execução, a mulher teria reconhecido o ex-marido e pedido clemência. O homem disse: “Eu falei para você que um dia iria te matar. Pois esse dia chegou, vou te matar agora”.

Depois do crime, o empresário abriu o cofre, pegou apenas alguns documentos e deu todo o restante do assalto para “Jefinho”, que fugiu com o carro, as TVs e o cofre com uma quantia em dinheiro. “Agora vamos investigar o que são esses documentos”, contou o delegado.

O carro roubado foi encontrado abandonado na terça-feira, em Piraí do Sul. Os objetos roubados, assim como a arma do crime, uma pistola 380, foram apreendidos.