Eu adoro segunda-feira!

Publicado em 15 maio 2017, às 00h00.

Você sabia que a grande maioria dos colaboradores não são felizes em seus trabalhos? E, o pior: essas pessoas se mantêm em silêncio, não se manifestam, não buscam mudanças, inovações, muito menos soluções para findar tal situação. Mas, afinal, o que faz uma pessoa amar ou não o seu trabalho?

Giane Silva, especialista em Recrutamento e Seleção e Hélio Mazzo, especialista em Recursos Humanos, ambos na agência de comunicação integrada, Dabster, afirmam que as questões de aceitação, respeito e valorização como pessoa e profissional podem interferir na interação do profissional com seu ambiente de trabalho. “Além disso, a empresa deve oferecer oportunidade de o colaborador desempenhar tarefas compatíveis com sua inteligência, valores e desejos”, avaliam.
Para o professor de Administração de Recursos Humanos da Faculdade IBS/FGV, Marcelo Ribeiro Rocha, existem outros aspectos que podem interferir nesta questão. “Dentre os fatores que contribuem positivamente ou negativamente podemos citar a relação da pessoa com a sua chefia imediata e com os seus colegas de trabalho ou sua equipe, a própria cultura da empresa e até mesmo o significado que o trabalho ou a atividade que a pessoa executa representa para ela mesma. Antes de tudo é preciso que a pessoa esteja bem consigo mesma. Nem sempre temos o privilégio de trabalharmos naquilo que gostamos ou que pensamos que nascemos para fazer, por isso é importante que o bem-estar comece sempre com a própria pessoa, de dentro para fora, e não o contrário. É muito comum procuramos sentimentos de alegria diante de fatores externos, porém interiorizar este sentimento é importante”, pondera.

Contornando a situação:

Se não for possível buscar outro emprego e a única saída for reencontrar a alegria no ambiente corporativo em que se encontra, os especialistas aconselham rever alguns pontos, a começar por uma reavaliação da postura e anseios do profissional. “É importante usar o diálogo para expressar as dificuldades para os gestores, conseguindo assim, um retorno de suas expectativas e realidade da empresa, fortalecendo a relação profissional e pessoal. Se a empresa dá as ferramentas necessárias para realizar o trabalho, se os objetivos que o funcionário deve atingir a médio ou longo prazo são alcançáveis, então, se tudo isso está de acordo, a alegria se torna natural”, asseguram, Giane Silva e Hélio Mazzo, Dabster.

As consequências pessoais e profissionais:

Temos que lembrar que passamos a maior parte do nosso tempo no local de trabalho, por isso conciliar a empresa com a sua personalidade e seu perfil só irá favorecer as duas partes. Até por que, um ambiente desfavorável à prática de uma atividade pode comprometer a saúde mental e física de uma pessoa.

Segundo Marcelo Rocha, uma das principais causas do absenteísmo é o estresse, o que prejudica o andamento das atividades, sobrecarregando aqueles que estão presentes no local de trabalho. O resultado é que esses problemas podem afetar toda a equipe se não forem tratados a tempo. “Na maioria dos casos, fazer aquilo que não se gosta pode ser considerado um fator desmotivador para a execução de uma atividade, uma vez que a pessoa poderá considerar a atividade como tendo que ser realizada exclusivamente por obrigação. Se a função não agrega em nada, o funcionário não consegue ver significado algum naquilo que está executando, consequentemente os seus resultados podem ser abaixo da média”, identifica.
E, engana-se quem acha que o rendimento no trabalho não interfere diretamente na vida pessoal. “Uma pessoa que não se sente bem realizando uma atividade pode sofrer de alguns males como o estresse, a falta de paciência e o descontrole emocional. Vale lembrar que é muito difícil separar vida pessoal e profissional, uma vez que elas caminham juntas e uma sempre interfere diretamente na outra. Isto quer dizer que o que passamos no ambiente de trabalho fatalmente será levado para a vida pessoal, ou seja, os problemas que ocorrem no ambiente organizacional serão levados para a vida pessoal e, consequentemente, afetarão a relação com amigos, parentes e outras pessoas de seu relacionamento”, exclama.
E, da mesma forma que a vida profissional interfere na vida pessoal, a recíproca também é verdadeira. “Problemas na vida pessoal afetam diretamente o rendimento do trabalho, a concentração e a qualidade da atividade a ser entregue”, complementa o professor da FGV.
Pauline Machado é jornalista, editora do Portal Mais Tendências, Professional, Executive e Business Coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching, MBA em Liderança e Gestão de Pessoas pela UFRRJ e certificada no Empretec pelo SebraeRJ.