A poucos dias das eleições, a vasta quantidade de candidatos com perfis tão distintos gera dúvidas ao eleitorado curitibano. Acostumados a eleger os mesmos grupos políticos há vários anos, o que se vê atualmente é uma disputa bastante acirrada pelo cargo máximo do poder executivo municipal.

Segundo o cientista político Emerson Urizzi Cervi, doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e autor do Blog em Público, isso pode ser explicado devido ao desgaste natural que grupos políticos hegemônicos tentem a sofrer com o passar dos anos, e cita como exemplo a situação que vem ocorrendo na cidade de São Paulo atualmente. “Você pode observar que lá, onde o PSDB governou por muito tempo, também houve esse desgaste espontâneo e hoje o candidato da situação, José Serra, está apenas em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Houve uma fadiga natural do partido” diz.

O cientista político afirma ainda que, o domínio de um único grupo no cenário político, pode ser justificado de duas maneiras: pela avaliação positiva do governo, pois, nesse caso, não há um motivo forte para trocar de governante ou a inexistência de alternativas viáveis. Nesse caso, o governo pode não ser tão bom, porém, se não existir um candidato que apresente um plano de governabilidade consistente e que convença o eleitor, é difícil que haja uma troca.

Uma das surpresas nessas eleições na capital é a grande expressividade alcançada por candidatos com invocação mais popular, como Ratinho Júnior (PSC). Para Cervi, seria um equívoco fundamentar os bons números alcançados pelo candidato apenas pelo forte apelo popular. Segundo ele, acreditar nessa teoria seria ingenuidade. “O apelo popular influencia quando ele se coloca como candidato de oposição, mas não dá pra dizer que é só isso. O eleitor o escolheu como uma alternativa ao atual governo, não só pela imagem e sim pelo plano de governo que lhe pareceu mais atraente e mais viável. Se não fosse por isso, apenas a imagem de “candidato popular” não lhe traria bons resultados”.

Uma das explicações para as dificuldades que o candidato da situação, Luciano Ducci (PSB), vem tendo para cair no gosto popular é explicado pelo pouco tempo de governo. “Ele tem uma avaliação muito baixa e muito pouco tempo de mandato, metade do seu antecessor Beto Richa. Isso já gera um problema pra continuidade”. Segundo ele, se o candidato fosse mais conhecido do eleitor curitibano e o seu governo tivesse alcançado uma boa avaliação, não encontraria dificuldades para se destacar nas pesquisas.

Outro fator que chama atenção é a volta de antigos caciques da política paranaense, como o candidato Rafael Greca (PMDB). Para Emerson Cervi, o candidato ainda não caiu no gosto popular. “O Greca está na campanha como uma alternativa às elites políticas”. Ele é um político de carreira, já foi um dos deputados mais votados, teve um mandato como prefeito com uma boa avaliação popular, mas para o eleitor atual ele apresenta um discurso ultrapassado, finaliza.

Em relação ao candidato Gustavo Fruet (PDT), o cientista político o coloca no intervalo entre oposição e situação e avalia que o candidato não soube explorar bem a sua aliança em o PT. “A aliança em si não atrapalhou, porém, o uso que se fez dela sim. Ele não soube como tratar essa questão de maneira politicamente adequada. Ele procurou se esquivar das questões relativas a ela e isso foi utilizado como arma pelos outros candidatos. Essa aliança serviu para ganhar horário de destaque no programa eleitoral. Não fosse por isso, o tempo de exposição seria muito curto”.

Questionado sobre a importância dos debates eleitorais, o cientista acredita que esse é um importante instrumento de informação para o eleitor. Para ele, existem dois públicos distintos que irão acompanhar a discussão: a audiência indecisa, que usará o debate para se decidir e a convertida, que pretende apenas reforçar a sua posição.

Serviço:
– Debate com os candidatos a prefeito de Curitiba
01 de outubro de 2012, segunda-feira, 23h15
– Cobertura e transmissão simultânea pelo www.ric.com.br}
– Perfis nas redes sociais que estarão promovendo discussões sobre o debate

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