O fenômeno climático El Niño pode causar novos problemas para as safras de cana-de-açúcar, café e laranja do Brasil, já prejudicadas pela seca, mas iria criar o clima perfeito para as próximas colheitas de soja e milho.

Os modelos climáticos mostram que as temperaturas da superfície do oceano Pacífico estão subindo, e é cada vez maior a probabilidade de isso resultar nos próximos meses no fenômeno El Niño, que ocorreria pela primeira vez desde 2009.

No passado, o fenômeno trouxe chuva forte em partes da Argentina e regiões ao sul do Brasil, afetadas pelo clima quente e seco no início deste ano.

Embora a formação do El Niño não seja uma certeza, as empresas e os analistas já estão atentos ao seu potencial impacto sobre o Brasil, uma superpotência agrícola –o maior exportador de açúcar, café e soja. (Reuters)

Nos principais estados produtores de milho safrinha, as condições climáticas adversas têm comprometido as plantações e os relatos que chegam do campo é de que as plantas estão com folhas amareladas e desenvolvimento irregular.

Outra preocupação é em relação à intensidade do ataque de pragas, como as lagartas e o percevejo de barriga verde que, consequentemente, aumenta os custos de produção.

De acordo com a ABPA, Associação Brasileira de Proteína Animal, com a proximidade da Copa do Mundo no Brasil, somada à alta nos preços da carne bovina, aumenta a demanda interna para suínos e aves, que tendem a sofrer um incremento nos valores para os próximos meses.

Analistas da Safras e Mercado no segmento de ave, explicam que o mercado atravessa um período de estagnação de preços, que caíram por desvalorização, num primeiro momento, e agora começaram um processo de recuperação no setor.

Atualmente, o Produto Interno Bruto (PIB) da avicultura e da suinocultura somam R$ 80 bilhões. No total, as cadeias produtivas geram 1,756 milhão de empregos diretos, visto que mais de 400 mil deles são em plantas frigoríficas. Juntas, as exportações destes setores somaram cerca de US$ 10 bilhões em 2013, uma representação de 10% da balança comercial do agronegócio. (DCI)

Um estudo da FCStone, consultoria de gerenciamento de risco com foco emcommodities,  para entender qual o maior gargalo logístico que afeta o escoamento da safra de soja e concluiu que o problema está na maneira como o Brasil faz a produção chegar até o porto e não na capacidade e na infraestrutura dos portos brasileiros, que são deficitárias. Ou seja, mesmo deficitárias, as características dos portos brasileiros não são o principal problema da cadeia.

Segundo o estudo, o déficit na capacidade de armazenagem (especialmente nas fazendas) e a opção pelo modal rodoviário para percorrer grandes distâncias são os fatores que determinam a grande dificuldade que há no escoamento da produção e contribuem muito com as preocupações dos compradores sobre o momento da entrega do produto. Com isso há uma pressão nos portos, principalmente em função dos entraves observados na trajetória da soja anteriormente ao embarque. (INTL FCStone)