O mercado de câmbio hoje teve um dia de ajuste, e de muita oscilação, após o dólar subir 3,3% ontem. A moeda americana mostrou fortalecimento ante divisas principais, mas operou sem tendência clara nos emergentes, em meio a indicadores mistos da atividade econômica dos Estados Unidos, enquanto crescem os casos de coronavírus no país, levando o estado do Texas a parar o processo de reabertura dos negócios.
No noticiário doméstico, além da aprovação do marco regulatório do saneamento, que já havia tido impacto nas cotações em sessões anteriores, as mesas de câmbio gostaram do nome do novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, financista, autor de livros e professor e, segundo traders, “mais técnico e menos ideológico” que o anterior, Abraham Weintraub. Houve ainda o habeas corpus ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), para que ele seja julgado pela segunda instância no caso Queiróz.
O dólar à vista chegou a oscilar 12 centavos entre a máxima (R$ 5,38) e a mínima (R$ 5,26) do dia. No final dos negócios, encerrou em R$ 5,3334, em leve alta de 0,19%. No mercado futuro, era negociado em queda de 0,19%, R$ 5,3395 às 17h. A diferença das cotações ocorre porque ontem no final da tarde o dólar futuro acelerou a alta, com o mercado à vista já fechado.
O analista de moedas do Canadian Imperial Bank of Commerce (CIBC), Luis Hurtado, acredita que o real vai seguir sob pressão e só vê a moeda americana caindo abaixo de R$ 5,00 no quarto trimestre de 2021. Ele espera mais um corte de juros pelo Banco Central, de 0,25 ponto porcentual em agosto, contribuindo para manter o real fraco, levando a taxa básica para 2%.
No México, hoje o Banxico reduziu os juros para 5,5% e o analista do CIBC destaca que o país ainda é beneficiado pelas operações de carry trade, que é a tomada de recurso em país de juro baixo para aplicar em outro de taxa maior. No Brasil, esse tipo de operação já não vem acontecendo nos últimos meses. Na Turquia, o banco central decidiu manter nesta quinta-feira os juros em 8,25%.
Hurtado observa que os ruídos políticos deram certa amainada em Brasília, mas o câmbio pode seguir volátil, na medida em que prosseguem as investigações que chegaram perto agora da família Bolsonaro após a prisão de Fabrício Queiróz. O cenário político incerto, a economia enfraquecida, a queda de juros e a deterioração fiscal devem fazer o dólar testar valores perto de R$ 5,40 no curto prazo, devendo ficar na casa dos R$ 5,30 pelo terceiro trimestre.