Cúpula do Clima da ONU apresenta promessa de cortar emissões de carros, aviões e navios
Por Simon Jessop e David Shepardson e Jonathan Saul
GLASGOW (Reuters) – Montadoras, companhias aéreas e governos anunciaram uma série de promessas na cúpula do clima da ONU nesta quarta-feira para cortar emissões de gases do efeito estufa no transporte global, apesar de algumas ausências evidentes.
Dirigir, voar e navegar contribuem para quase um quarto das emissões de gases do efeito estufa gerados pelo homem, o que torna o transporte um alvo importante na tentativa de enfrentar as mudanças climáticas.
As fabricantes de carros norte-americanas Ford e General Motors e a alemã Daimler estão em um grupo que prometeu eliminar veículos movidos a combustível fóssil até 2040, acelerando uma mudança para motores elétricos das unidades com combustão interna nas quais foram pioneiras mais de um século atrás. O segundo país mais populoso do mundo, a Índia, se juntou à promessa.
Mas, em um sinal de desafio à meta de zero emissões, as duas maiores fabricantes de carros do mundo, Toyota Motor Corp e Volkswagen <AG VOWG_p.DE>, não se uniram à promessa. Nem China, Estados Unidos e Alemanha, todos grandes mercados de veículos.
A Volkswagen se comprometeu a ter uma frota neutra em CO2 até 2050.
A Toyota tem fabricado veículos híbridos de petróleo e eletricidade há mais de duas décadas, mas seus planos de lançar veículos puramente elétricos são mais modestos que os da Ford ou da GM.
Martin Kaiser, do Greenpeace da Alemanha, afirmou que a ausência dessas grandes potências econômicas e montadoras é “muito preocupante”. O órgão executivo da União Europeia propôs em julho aos 27 países do bloco, incluindo a Alemanha, a proibição de venda de veículos a combustão até 2035, mas o plano ainda não foi aprovado.
Uma transição para veículos elétricos exige bilhões de dólares em investimentos em infraestrutura de recarregamento e aumenta o fardo em redes elétricas que já estão sofrendo com a infraestrutura degradada e a transição para fontes renováveis como vento e energia solar.
Em alguns locais, eles também podem ser mais poluidores do que modelos a combustíveis. Na Polônia e em Kosovo, por exemplo, eles geram mais emissões de carbono do que motores baseados no petróleo porque as redes de eletricidade locais dependem muito do carvão, o combustível fóssil mais sujo, de acordo com a consultoria Radiant Energy Group.
Grandes companhias aéreas dos EUA, enquanto isso, tentarão acelerar o desenvolvimento do chamado combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês) para reduzir emissões no transporte aéreo.
Na terça-feira, os Estados Unidos anunciaram a meta de chegar a saldo zero em emissões de gases do efeito estufa no setor de aviação até 2050, em linha com a promessa global da Associação de Transporte Aéreo Internacional.
As viagens aéreas representam quase 3% das emissões globais. Segundo pesquisadores, esse número pode crescer rapidamente se a demanda por voos aumentar.
Dezenove países, incluindo Reino Unido e Estados Unidos, afirmaram que concordam em estabelecer meia dúzia de “corredores verdes de navegação” com emissões zero até 2050.
Cerca de 90% dos bens negociados no mundo viajam pelo mar, e a navegação também representa cerca de 3% das emissões globais.
(Reportagem adicional de Nick Carey e William James)