Cúpula climática da ONU começa em Glasgow sem bons presságios

Publicado em 1 nov 2021, às 09h21. Atualizado em: 22 mar 2022 às 15h43.

Por Mark John e Katy Daigle

GLASGOW (Reuters) – Líderes mundiais iniciaram nesta segunda-feira uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) que é crucial para se evitar os efeitos mais desastrosos da mudança climática, um desafio agravado pela incapacidade das grande nações industrializadas de concordar com compromissos mais ambiciosos.

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26) na cidade escocesa de Glasgow começa um dia depois de os líderes do G20 se esquivarem de assumir a meta de encerrar as emissões de carbono até 2050, um prazo citado amplamente como necessário para evitar um aquecimento global mais extremo.

Ao invés disso, as conversas em Roma reconheceram a “relevância essencial” de ser deter as emissões “até ou aproximadamente em meados do século”, sem estabelecer um cronograma de eliminação gradual do uso de carvão e diluindo as promessas de corte de emissões de metano, um gás de efeito estufa muito mais poderoso do que o dióxido de carbono.

A ativista sueca Greta Thunberg pediu aos seus milhões de seguidores que assinem uma carta aberta acusando os líderes de traição.

“Como cidadãos de todo o planeta, pedimos que vocês se mostrem à altura da emergência climática”, tuitou ela. “Não no ano que vem. Não no mês que vem. Agora.”

Muitos destes líderes subirão ao palco de Glasgow nesta segunda-feira para defender seus desempenhos, e em alguns casos fazer novas promessas, no início das duas semanas de negociações que o anfitrião Reino Unido está propagandeando como tudo ou nada.

“A humanidade já esgotou seu tempo contra a mudança climática. Estamos a um minuto da meia-noite e precisamos agir agora”, dirá o premiê britânico, Boris Johnson, na cerimônia de abertura, de acordo com trechos adiantados de seu discurso.

“Se não formos sérios a respeito da mudança climática hoje, será tarde demais para nossos filhos fazê-lo amanhã.”

A discórdia entre alguns dos maiores emissores do mundo sobre como reduzir o uso de carvão, petróleo e gás e ajudar países mais pobres a se adaptarem ao aquecimento global não tornará a tarefa mais fácil.

No G20, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, destacou a China e a Rússia –cujos líderes não foram a Glasgow– por não apresentarem propostas.

O presidente chinês, Xi Jinping, cujo país é de longe o maior emissor de gases de efeito estufa, falará à COP26 por meio de um comunicado por escrito nesta segunda-feira, e seu colega russo, Vladimir Putin, que preside um dos três maiores produtores mundiais de petróleo, desistiu de participar por videoconferência.

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