Cuidados com a alimentação das crianças durante a pandemia

Publicado em 20 jul 2020, às 16h13.

A necessidade de isolamento social, decorrente da pandemia do novo coronavírus, completa quatro meses em Curitiba nesta segunda-feira (20).  Sem aulas e atividades extraclasse desde meados de março, tem sido cada vez mais difícil para pais, mães e responsáveis manterem uma rotina com as crianças que concilie aulas virtuais, lazer, alimentação saudável e exercícios físicos. 

Pai de um casal, Angelo Binder se desdobra para ajudar os filhos a lidarem com a ansiedade que o momento atípico vem causando nas crianças. “Muitas vezes, essa ansiedade das crianças somada à falta de tempo dos pais acaba sendo compensada pelo consumo de alimentos muito calóricos e com baixo valor nutricional. Por um outro lado, o convívio mais próximo nos permite observar melhor a relação dos nossos filhos com a comida e quais pontos podemos melhorar para que eles sejam mais saudáveis”, afirma.  

Dúvidas dos pais são frequentes

Para o pai da Carolina e do Gabriel, que têm respectivamente 12 e 9 anos, as principais dúvidas são sobre a quantidade de calorias diárias que os filhos devem ingerir e com qual frequência deve oferecer comida às crianças. “A princípio, o valor calórico recomendado para crianças varia de acordo com a faixa etária, sexo e atividade. Existem tabelas que direcionam tendo como parâmetro peso para idade, peso para estatura, estatura para a idade e etc”, esclarece Angela Federau, nutricionista.

Segundo a nutricionista, as crianças costumam sentir fome o tempo todo, muitas vezes, inclusive, confundindo com ociosidade e até mesmo ansiedade. “É importante estabelecer uma rotina alimentar para a criança, com intervalos regulares médios de 3 horas entre as refeições. Nos intervalos, é importante apostar na hidratação, que muitas vezes acaba sendo negligenciada, ou oferecida somente no momento da refeição. Água, chás e sucos naturais são boas alternativas. Porém, a água precisa ser priorizada. A recomendação média é do consumo de 30ml por kg. Sendo assim, se a criança pesa 30kg, a recomendação hídrica é de 900ml/dia”, ressalta Angela. 

Estratégias para inserir alimentos saudáveis na rotina das crianças 

Segundo Angela Federau, algumas estratégias interessantes e que costumam funcionar muito bem com crianças são: 

  • Converse com a criança, explique a importância da introdução de alimentos saudáveis na rotina. Sendo assim, utilize frases como “você ficará mais saudável”, “ficará mais resistente ao vírus” ou “esse alimento é importante para que os teus ossos fiquem mais fortes”.
  • Envolva a criança no processo de escolha e manipulação dos alimentos. Permita que ela se envolva com a comida, que faça pequenas tarefas como lavar vegetais, separar as folhas da salada, entre outras.  
  • Busque utilizar ferramentas lúdicas como um calendário nutritivo, com desafios diários bem simples. Dessa forma, o processo torna-se mais prazeroso. Combine alguma recompensa, que não seja alimento ou algo comprado, quando os desafios da semana forem cumpridos. Aqui, coisas de maior valor afetivo como assistir um filme em família, uma tarde de brincadeiras, uma noite na barraca, são mais interessantes. 
  • Não engane a criança, isso pode se tornar um problema. Não deixe as refeições serem estressantes. Seja paciente, as mudanças precisam de tempo para se estabelecerem. Comemore todas as pequenas conquistas da criança e valorize o positivo. O negativo precisa ser trabalhado!

Aumente as oportunidades de manter as crianças em movimento 

Com a pandemia o gasto energético e a atividade física foram reduzidos para todos, e com a ociosidade a ingestão de alimentos aumentou, fazendo o ganho de peso se tornar inevitável. Para reverter essa situação, é importante rever a qualidade nutricional e diminuir a oferta de comidas pouco saudáveis em casa. Aumente a oferta de alimentos saudáveis. Deixe frutas higienizadas à disposição. Frutas secas, oleaginosas também podem ser alternativas para beliscar entre as refeições. 

Outra dica importante é procurar aumentar o gasto energético da criança, estimulando brincadeiras com movimentação. “Brincadeiras como  jogos de videogames com movimentos, esconde-esconde, pular corda, pular elástico, pega-pega, jogar bola, andar de bicicleta fazem um bem enorme para a saúde física e mental das crianças. Ao mesmo tempo, quando realizadas ao ar livre, aumentam a exposição das crianças ao sol, que as deixa mais animadas e menos preguiçosas. Muitas vezes as crianças só precisam ser direcionadas que elas fluem”, explica a Angela Federau. 

A alimentação saudável precisa ser prioridade da família toda. Uma criança com obesa ou com sobrepeso não pode ser colocada em dieta separada da família, como um castigo. Em síntese, para que o processo de emagrecimento da criança seja bem sucedido todos devem participar. “Tente não falar de dieta com a criança e nem que as mudanças estão sendo feitas porque ela ganhou peso. Busque falar que as em transformações estão sendo feitas para evolução e melhoria da saúde de toda a família”, finaliza a nutricionista. 

Sobre Angela Federau 

Angela Federau é nutricionista clínica (CRN-8: 5047), pós-graduada em fitoterapia aplicada à nutrição, especializada em nutrição funcional, pediátrica e escolar. Atua como professora de nutripediatria na pós-graduação de medicina da Faculdade Inspirar, participa como convidada de pesquisas científicas e genéticas da UFPR como o mapeamento e estudo genético da comunidade Menonita e é revisora de artigos científicos e textos para sites médicos. É palestrante, escritora de livros, artigos e colunas em jornais e revistas. Nutricionista responsável pela  APSAM – Associação Paranaense Superando a Mielomeningocele. Além disso, a nutricionista é empresária do segmento alimentício e atua como parceira da Polícia Militar do Paraná e de clínicas de fertilidade.  

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