Brasília, 19 – Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reafirmaram nesta quinta-feira, 19, por meio do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que “a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural”.
Esta avaliação já constou no comunicado da semana passada da reunião do Copom, quando a Selic (a taxa básica de juros) foi reduzida de 5,00% para 4,50% ao ano.
Na ata do encontro, publicada na última terça-feira, o BC também havia repetido a avaliação.
A taxa estrutural é aquela que, em tese, permite o crescimento econômico sem gerar inflação.
No RTI desta quinta, o Copom também avaliou que sua decisão da semana passada “reflete seu cenário básico e balanço de riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2020 e, em grau menor, o de 2021”.
Fatores de risco
Os membros do Copom reafirmaram por meio do RTI, que seu cenário inclui fatores de risco “em ambas as direções” – ou seja, na direção de baixa e na de alta de inflação.
Assim como registrado no comunicado e também na ata do encontro, o RTI traz mudanças significativas no balanço de risco do BC em relação a encontros anteriores do Copom. De um lado, na avaliação do BC, o nível elevado de ociosidade da economia pode continuar produzindo uma inflação menor que a esperada.
Do outro lado, o Copom voltou a citar que o atual grau de estímulo – com quatro cortes seguidos que totalizaram 2 pontos porcentuais de redução na Selic – atua com defasagens sobre a economia. Isso aumenta a incerteza sobre os canais de transmissão da política monetária e pode elevar a inflação. A novidade foi que o BC pontuou em seus documentos que essa incerteza ocorre em um contexto de transformações na intermediação financeira.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem destacado em suas recentes apresentações que essas transformações ocorrem em todo o mundo, com o crescimento da oferta digital de produtos financeiros e com a entrada das chamadas fintechs no mercado de crédito.
Esse risco de uma inflação mais elevada, continuou o Copom, se intensifica nos casos de deterioração do cenário externo para economias emergentes ou eventual frustração em relação à continuidade das reformas na economia.
Mais uma vez, o Copom reconheceu que o processo de reformas econômicas tem avançado, mas repetiu que perseverar nesse processo é essencial para permitir a consolidação da queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia. “O Comitê ressalta ainda que a percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes”, reiterou o RTI.