Conheça a história de luta e trabalho do idoso flagrado carregando carriola com frutas, em Cambé
A vida de Adaumir da Silva, de 82 anos, é marcada pelo movimento. Já aposentado, o idoso não abre mão do hábito de mais de 40 anos: vender as frutas que cultiva na própria chácara, em Cambé, no norte do Paraná. Os alimentos são comercializados no centro da cidade. Para levá-los até o destino, ele usa uma carriola.
Foi em uma dessas andanças debaixo do sol quente que Adaumir ficou conhecido. Policiais militares passavam pela rua, na última quarta-feira (19), quando viram o senhor carregando a carriola cheia de frutas. Solidarizados, eles ofereceram ajuda. Um dos agentes foi empurrando o carrinho de mão enquanto Adaumir acompanhava de dentro da viatura.
“O que mais me comoveu foi a aparência dele […]. Eu lembrei do meu avô. Meu avô trabalhou até o final da vida, trabalho pesado. Me comoveu bastante porque ele mal conseguia andar com aquela carriola. Quando eu vi, eu falei para o pessoal da equipe para a gente parar a viatura e voltar, porque eu não estava conseguindo imaginar como que aquele senhor conseguiria subir aquela ladeira”,
relembra o Soldado Chanan.
A cena foi registrada por outro policial e viralizou nas redes sociais.
História
Adaumir mora há mais de 40 anos na chácara com a esposa Maria Madalena – com quem é casado há quase 60 anos – e um dos seis filhos. A família é grande: nove netos e sete bisnetos. No terreno, planta banana, manga coquinho e espada, e jaca. Pelo menos uma vez por semana, ele colhe as frutas para vender no centro de Cambé com o obejtivo de complementar o dinheiro da aposentadoria e ajudar nas compras do mercado. Ele consegue, em média, R$ 50 por semana.
“Comprar alguma coisa diferente, uma fruta diferente que não tem aqui, um pão, leite que ele gosta bastante e chocolate”,
comenta a esposa sobre as coisas que ele gosta de comprar com o dinheiro das frutas.
A atividade, no entanto, encontra receio na família. Em entrevista à RICtv, Dona Maria comenta que os filhos não gostam que o pai fique andando debaixo do sol por causa da idade avançada e do desgaste do trajeto. Mas eles entendem, também, o desejo de quem já trabalhou como vigilante em uma creche de Cambé por mais de 25 anos: “a gente não pode ficar parado,” diz Adaumir.
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“É difícil para ele andar, mas é mais difícil ficar em uma cama paralisado. Ele não para. Os filhos não gostam que ele fica [andando com a carriola] mas, se tirar, acho que ele entra em depressão porque ele sente falta do emprego, que ele trabalhava de guarda, até hoje”,
comenta a esposa.