A pandemia do novo coronavírus fez o Comitê Olímpico do Brasil (COB) antecipar seu projeto de utilização de centros esportivos em Portugal como base para os atletas. A entidade tinha fechado um acordo visando à preparação para os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, mas aproveitou os contatos para enviar uma delegação nas próximas semanas para treinamento em solo português de olho em um bom desempenho para os Jogos de Tóquio, que foram adiados e serão realizados no próximo ano. Ao todo serão 207 atletas de 15 modalidades diferentes e o programa terá um custo de aproximadamente R$ 15 milhões com a logística.
A principal base do Time Brasil será o Centro de Treinamento de Rio Maior, um equipamento público-privado que fica a 75 quilômetros de Lisboa. “Estamos passando por um momento delicado aqui no Brasil, onde inúmeras piscinas ainda se encontram fechadas para treinamento e muitos atletas não estão conseguindo ter uma qualidade de treino digna de uma preparação olímpica. Então juntar uma seleção brasileira num local de alto rendimento é, sem duvida, uma expectativa altíssima de retorno aos treinos com qualidade e segurança”, diz Eduardo Fischer, diretor de natação da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), em entrevista ao Estadão.
Por causa da pandemia mundial, as competições e treinamentos esportivos foram paralisados no mundo inteiro. Até por isso, a Olimpíada de Tóquio, marcada para julho e agosto, foi adiada por um ano a fim de possibilitar que os atletas tivessem uma preparação mais adequada. Como o Brasil está no epicentro da doença no mundo atualmente, muitos não estão conseguindo praticar suas modalidades.
Até o Centro de Treinamento do Time Brasil, dentro do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, no Rio, foi fechado e ainda não foi reaberto. Isso fez com que praticamente todos os atletas de elite nacionais não tivessem condições para um treinamento de alto nível em um momento importante.
Diante desse cenário, o objetivo do comitê é oferecer a possibilidade de retorno aos treinos com segurança durante a pandemia em um país como Portugal, que foi eficiente no combate ao coronavírus. Está previsto um protocolo de segurança com testes antes e depois do desembarque na Europa, além de um período de isolamento de 24 a 47 horas para fazer a análise desses exames.
“A ideia é levar atletas que no ano de 2019 já alcançaram o índice olímpico em alguma competição oficial. Nós já temos os tempos mínimos necessários para a participação olímpica e criamos um critério para selecionar todos esses atletas. Esse grupo está respondendo para a confederação para saber quem tem interesse de fazer a ação, já que ela é totalmente opcional”, explica Fischer, que ainda não tem fechada a lista de atletas que vão para Portugal.
De acordo com Paulo Wanderley, presidente do COB, os atletas devem embarcar por volta de 10 de julho e o projeto vai até dezembro. “Vamos fazer um rodízio e uma grande logística porque não podem viajar todos ao mesmo tempo e é preciso conseguir espaço nos voos”, afirma. “O projeto foi criado pela necessidade de dar segurança e para ser o nosso ponto chave na preparação para Paris, nos Jogos de 2024. Já era uma base avançada para nós, então foi relativamente fácil conseguir essa parceria com eles”, complementa o dirigente.
Para Jean-Luc Jadoul, CEO da Confederação Brasileira de Rugby (CBRu), a iniciativa é muito importante neste momento para as modalidades olímpicas. “Estamos aguardando um posicionamento sobre a volta das competições oficiais para poder planejar a ida de 15 atletas da seleção brasileira feminina de rúgbi sevens. Com as datas em mãos, conseguiremos planejar esse período de treino na Europa”, revela.