Com a estiagem, demanda de perfuração de poços artesianos cresce 30% em Cascavel

por Julia Cappeletto
com informações do Cícero Bittencourt e supervisão de Caroline Berticelli, da RIC Record TV
Publicado em 16 set 2021, às 16h02.

O Paraná vem enfrentando a pior crise hídrica da história. Há três anos, o estado tem passado por uma grave seca , que mudou o cenário de rios e córregos em todas as regiões.

Na propriedade do agricultor e avicultor Diletto Santin Sobrinho, a estiagem afetou o abastecimento e a criação dos animais. A nascente que sustentava o local praticamente secou com a falta de chuvas e para não correr o risco de perder a produção, o avicultor perfurou um poço artesiano ao lado do aviário.

“Muda tudo né, a água de melhor qualidade, até pros pintinhos, e para gente, no consumo da casa. Mas, mesmo com um pouco mais de tranquilidade, tem que ficar atento a alguma coisa aí, pode queimar a bomba. Tem que estar alerta igual”,

fala o agricultor.

Esta tem sido a solução encontrada por muitos agricultores para fugir das consequências da seca. Só neste ano, a demanda de perfuração de poços aumentou mais de 30%.

“Tá uma loucura. Muita gente ligando, muita gente mandando mensagem, tá surgindo muito pedido mesmo para contratação de novas perfuração de poços”,

afirma Joao Batista, dono de uma empresa de perfuração de poços.

Com mais de 100 metros de profundidade, em média, os poços artesianos captam a água que está no lençol freático e que tem menos interferência da quantidade de chuva.

“A princípio, qualquer propriedade pode sim ser feito um poço, mas depende de demande de um estudo detalhado para você determinar os pontos mais favoráveis na perfuração do poço, onde se tenha menos riscos de encontrar um poço sem água, ou com baixíssima vazão, que não se consiga aproveitar”,

explica o geólogo Walter Lumb.

Para fazer esse serviço é preciso uma análise da área e ainda de uma autorização dos órgãos ambientais. Para abastecer Cascavel, no oeste do Paraná, a Sanepar também utiliza alguns poços, mas alerta que a falta de chuvas tem prejudicado a vazão dessas estruturas.

“Hoje na cidade a Sanepar possui 16 poços que captam água no lençol subterrâneo, e desde o início da estiagem eles já apresentaram redução de vazão. Então, o que a gente visualiza nos nossos rios que estão reduzindo a vazão, é que isso também acontece no lençol subterrâneo”,

ressalta o gerente regional da Sanepar Rodolpho Tanaka Savelli.

Para enfrentar a estiagem é preciso economizar água, até porque, nem mesmo os poços são garantia de um futuro sem racionamento e desabastecimento.

“Que as pessoas usem água com consciência, mesmo a de poço, usem racionalmente, e não desperdicem água, isso é muito importante”,

finaliza o geólogo.