Ciro Nogueira assume Casa Civil e se coloca como "amortecedor" para o governo
Por Pedro Fonseca
(Reuters) – O novo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, tomou posse nesta quarta-feira prometendo ser um amortecedor para o governo do presidente Jair Bolsonaro em tempos de trepidação, e disse ter como uma das obrigações ajudar a preparar o país para chegar às eleições de 2022 da forma correta, com crescimento econômico, vacinação contra a Covid-19 e assistência aos mais necessitados.
Em seu discurso, Nogueira afirmou que teria sido mais fácil não aceitar o desafio de integrar o governo num momento em que “tudo está difícil” e permanecer como senador, mas não teria sido certo mediante os inúmeros desafios enfrentados pelo país.
“Sabemos que a política muitas vezes provoca choques, tremores e abalos, e se me permite a comparação um tanto fora dos protocolos, gostaria que toda vez que vossa excelência (Bolsonaro) me visse, lembrasse de um amortecedor”, disse o ministro.
“Nesse momento de tanta trepidação, quero contribuir tal qual aquele equipamento que pode estabilizar, diminuir as tensões, ajudar para que essa viagem seja mais serena, confortável e estável para todos”, acrescentou.
Presidente do PP e um dos principais líderes do centrão, Nogueira chega ao Planalto com a missão de tentar consertar a relação do governo com o Congresso, em meio à CPI da Covid, e também com o Judiciário, onde membros do Supremo Tribunal Federal (STF) são alvos de constantes ataques de Bolsonaro.
Ao dar posse ao novo ministro, o próprio presidente reconheceu que a chegada de Nogueira ao governo representa uma demonstração da vontade do Planalto de aprofundar a relação do Executivo com o Congresso.
“A chegada agora do Ciro Nogueira é uma demonstração por parte do governo que nós queremos cada vez mais aprofundar o relacionamento com o Parlamento. E não é a primeira vez que eu digo que o Legislativo e o Executivo, na verdade, são um só Poder”, disse Bolsonaro.
Logo em sua primeira fala no cargo, Nogueira buscou minimizar preocupações sobre a estabilidade democrática, após os reiterados ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral e de o presidente ter até mesmo colocado em dúvida a realização das eleições de 2022 se não houver aprovação do voto impresso para urnas eletrônicas pelo Congresso.
“Não tenham dúvida, a democracia é líquida e certa, difícil por natureza, mas é a coisa certa. É por ela que eu estou aqui e é por ela que todos nós estamos aqui. Por ela, senhor presidente, que o senhor está aqui, para cuidarmos dela, para zelarmos por ela, para aprofundarmos na diversidade, na diferença, a nossa realidade democrática”, afirmou.
“Temos agora até o final do governo um período que conduzirá às eleições de 2022, e é nosso dever preparar o país para chegar às eleições da forma certa, com a economia no prumo certo, com a política ajustada da maneira certa, com a vacinação garantida e certa para todos os brasileiros, com um programa de assistência social certo para que os brasileiros não vivam momentos incertos”, acrescentou.