Ciro Nogueira assume Casa Civil e se coloca como "amortecedor" para o governo
(Reuters) -O novo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, tomou posse nesta quarta-feira prometendo ser um amortecedor para o governo do presidente Jair Bolsonaro em tempos de trepidação, e disse ter como uma das obrigações ajudar a preparar o país para chegar às eleições de 2022 da forma correta, com crescimento econômico, vacinação contra a Covid-19 e assistência aos mais necessitados.
Em seu discurso, Nogueira afirmou que teria sido mais fácil não aceitar o desafio de integrar o governo num momento em que “tudo está difícil” e permanecer como senador, mas não teria sido certo mediante os inúmeros desafios enfrentados pelo país.
“Sabemos que a política muitas vezes provoca choques, tremores e abalos, e se me permite a comparação um tanto fora dos protocolos, gostaria que toda vez que vossa excelência (Bolsonaro) me visse, lembrasse de um amortecedor”, disse o ministro.
“Nesse momento de tanta trepidação, quero contribuir tal qual aquele equipamento que pode estabilizar, diminuir as tensões, ajudar para que essa viagem seja mais serena, confortável e estável para todos”, acrescentou.
Presidente do PP e um dos principais líderes do centrão, Nogueira chega ao Planalto com a missão de tentar consertar a relação do governo com o Congresso, em meio à CPI da Covid, e também com o Judiciário, onde membros do Supremo Tribunal Federal (STF) são alvos de constantes ataques de Bolsonaro.
Ao dar posse ao novo ministro, o próprio presidente reconheceu que a chegada de Nogueira ao governo representa uma demonstração da vontade do Planalto de aprofundar a relação do Executivo com o Congresso.
“A chegada agora do Ciro Nogueira é uma demonstração por parte do governo que nós queremos cada vez mais aprofundar o relacionamento com o Parlamento. E não é a primeira vez que eu digo que o Legislativo e o Executivo, na verdade, são um só Poder”, disse Bolsonaro.
Logo em sua primeira fala no cargo, Nogueira buscou minimizar preocupações sobre a estabilidade democrática, após os reiterados ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral e de o presidente ter até mesmo colocado em dúvida a realização das eleições de 2022 se não houver aprovação do voto impresso para urnas eletrônicas pelo Congresso.
“Não tenham dúvida, a democracia é líquida e certa, difícil por natureza, mas é a coisa certa. É por ela que eu estou aqui e é por ela que todos nós estamos aqui. Por ela, senhor presidente, que o senhor está aqui, para cuidarmos dela, para zelarmos por ela, para aprofundarmos na diversidade, na diferença, a nossa realidade democrática”, afirmou.
“Temos agora até o final do governo um período que conduzirá às eleições de 2022, e é nosso dever preparar o país para chegar às eleições da forma certa, com a economia no prumo certo, com a política ajustada da maneira certa, com a vacinação garantida e certa para todos os brasileiros, com um programa de assistência social certo para que os brasileiros não vivam momentos incertos”, acrescentou.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de JaneiroEdição de Alexandre Caverni)