Caso Henry: Monique Medeiros escreve nova carta sobre a morte do filho; saiba mais
A mãe de Henry Borel, Monique Medeiros, escreveu uma nova carta na prisão para falar sobre os dias após a morte do filho. Ela também acusou seu primeiro advogado de ter organizado uma farsa. Os fatos relatados por ela divergem de seu primeiro depoimento feito à polícia e foram divulgados pelo programa Fantástico, da TV Globo, neste domingo (2).
De acordo com Monique, no dia 8 de março, quando o garoto morreu, ela acreditava que ele havia sofrido um acidente. Ela também disse que não tinha ideia de que ele estava morto quando o levou ao hospital.
“Em nenhum momento, (…) passou pela minha cabeça que meu filho poderia estar sem vida em meus braços”,
escreveu ela na carta.
Segundo a reportagem, foi uma funcionária do hospital que a comunicou sobre a morte de Henry.
“Depois da notícia, a funcionária disse que precisaria da presença do pediatra dele para dar o atestado de óbito e Jairinho por ser médico se prontificou a fazer a fim de ajudar”
Conforme o texto escrito por Monique, o pai de Henry, Leniel Borel, teria ficado responsável por ir à delegacia enquanto ela e Jairinho cuidariam do velório do menino. No entanto, Leniel foi ao Instituto Médico Legal (IML), onde foi feito o exame de necrópsia.
“Leniel me ligou dizendo que havia alguma coisa errada com o exame do Henry. Que estava constando: laceração hepática, por uma ação contundente e hemorragia interna.”
Em entrevista ao programa, Leniel disse que ao questionar Monique sobre a possível agressão sofrida por Henry, ela não disse nada e foi para fora do IML para chorar junto do irmão.
Em outro trecho da carta, Monique disse: “Jairinho chegou cedo na minha casa, ficou me fazendo companhia e pediu para perguntar ao Leniel se já tinha havido alguma resposta. Foi quando Leniel respondeu que tudo estava atrasado pois o IML estava sem abastecimento de água. Jairinho ficou indignado e disse que se fosse preciso, compraria um caminhão pipa pra ajudar (…)”.
De acordo com a investigação, o vereador Jairinho ligou para um executivo do hospital e para o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, para tentar acelerar o enterro de Henry. Ambos afirmaramm à reportagem que se negaram a interceder no caso.
Acusação de farsa
Monique Medeiros também disse na carta obtida pelo Fantástico que o então advogado de Jairinho, André Barreto, organizou uma versão inventada para a morte do garoto.
“O Dr. André se apresentou, disse que era casado, que tinha 4 filhos, que estudou para ser padre, que era religioso e que não pegava casos de homicídios se não acreditasse na inocência dos seus clientes e nos separou. Fez uma entrevista particular comigo (…). E depois, fez a mesma coisa com Jairinho separado.”
“No dia seguinte, o Dr. André foi até a casa do pai do Jairinho para conversarmos, mas que só aceitaria o caso se nos uníssemos e combinássemos uma versão inventada (…). Na mesma hora eu questionei por que eu não poderia dizer o que realmente tinha acontecido, já que tinha sido um ‘acidente doméstico’ (…). Eu ainda não estava satisfeita e disse que falaria a verdade, que eu não via problema algum (…). Foi quando a família dele disse que aquela seria a única versão! Que o Dr. André era um excelente criminalista, que ele teria cobrado 2 milhões de reais pelo casal (mas que só depois percebi que a defesa era apenas do Jairinho).”
“Todos os meus passos eram controlados, todas as ligações que eu fazia havia alguém por perto, sempre monitorada e eu acalmava meus pais, dizendo que eram orientações do advogado. Era um controle absoluto!”,
diz outro trecho.
Em nota enviada ao programa, a defesa de André informou que ele jamais mudou a narrativa apresentada pelo casal.
Leniel, pai de Henry, não acredita que Monique estava sendo manipulada. “… se você for falar com qualquer amigo da Monique, a Monique é conhecida como manipuladora. Não sendo manipulada”, disse ele à reportagem.
Agressões
A mãe de Henry Borel também contou na carta que sofria agressões de Jairinho.
“Decidimos pedir uma sobremesa pelo iFood. Na hora que o entregador chegou e eu fui buscar na porta, o rapaz disse que era o dono da loja, que estavam começando e (…) desse a avaliação no iFood. Jairinho me perguntou o que o entregador tinha falado e eu contei exatamente como aconteceu (nada demais). Ele começou a me xingar de ‘p***’, (…) que eu não dava respeito à imagem dele. Ele pegou o telefone celular e enviou uma mensagem de voz para uma mulher amiga dele da vigilância sanitária, dizendo que tinha chegado uma sobremesa na casa dele, estragada, que ele estava passando mal (…) e pediu que ela fosse até lá, para interditar o local. Fiquei com muita raiva dele e disse: ‘já que as sobremesas estão estragadas, vou jogar fora as de morango que guardei na geladeira’. Ele me xingou de todos os nomes possíveis e impossíveis, que toda semana ele iria até o estabelecimento mandar quebrar a loja, mandar assaltar, mandar quebrar as motos das entregas, mandar bater no dono, que ele ia imprimir a foto dele e dar para seus amigos causar prejuízos até que fechasse”, diz um trecho da carta obtida pelo Fantástico.
A defesa do vereador não se manifestou.
Henry faria cinco anos nesta segunda-feira (3).