Lançada pela entidade Transparência Internacional, em Berlim, a iniciativa tem como objetivo conscientizar a opinião pública mundial sobre os riscos do trust
O deputado cassado Eduardo Cunha se transformou em garoto propaganda de uma campanha contra a corrupção pelo mundo. Lançada pela entidade Transparência Internacional, em Berlim, a iniciativa tem como objetivo conscientizar a opinião pública mundial sobre os riscos do trust. Segundo os organizadores do projeto, Cunha é o “Mr. Trust do Brasil”.
Em um vídeo promocional, os organizadores apontam que analisaram 213 casos de corrupção em 80 países pelo mundo. Desses, 70% deles usaram “algum tipo de veículo secreto” para “esconder dinheiro ilícito”. “Um desses veículos é o Trust”, aponta a Transparência Internacional, que destaca o mecanismo como instrumento que permite que pessoas transfiram ativos a um administrador. Esse gerente o administra em nome de um grupo ou de uma pessoa. A campanha alerta que esse mesmo trust pode ser usado para “esconder ativos”.
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Segundo a entidade, ele é beneficiário de um trust, que por sua vez usa um banco suíço. Ao apresentar Cunha, a entidade com sede na Alemanha diz que “Mr. Trust é um dos políticos mais poderosos investigados pelo Ministério Público” e mostra como o inquérito se refere a seu papel no “escândalo de corrupção da Petrobras”.
No material de promoção da campanha, a Transparência Internacional indica que Cunha supostamente mentiu ao Congresso e perdeu o mandato. Em março de 2015, ele garantiu que não tinha conta fora das jurisdições mencionadas em sua declaração de renda. “Alguns meses depois, procuradores suíços localizaram quatro contas relacionadas a ele e sua esposa em um banco na Suíça”, diz a entidade.
“No total, as autoridades brasileiras estão pedindo de volta do Mr. Trust e de sua mulher US$ 30 milhões”, diz a campanha.
“Não sabemos para onde o dinheiro foi. Mas sabemos que o Mr. Trust gastou US$ 42 mil em uma semana de compras em Miami”, aponta o vídeo, que também cita estadias em hotéis de luxo. Cunha diz desconhecer as contas, mas admite ser um “beneficiário” de um trust.
A campanha mostra como a Transparência Internacional e outras entidades “lutam para que se esclareça quem se beneficia de trusts”. O grupo pede que todas as informações sejam tornadas públicas para “acabar com o ciclo vicioso de impunidade” que tais mecanismos secretos permitem.
“Precisamos saber quem são as pessoas e os reais beneficiários de entidades secretas”, indicou a entidade. “Se soubermos, isso vai ajudar a acabar com a grande corrupção”, insistiu. A campanha ainda termina com um alerta. “Existem muitos Mr. Trusts pelo mundo. Ajude a desmascará-los”.