O Líbano convive com uma enorme quantidade de refugiados. As explosões da semana passada terão um impacto forte sobre eles, explica a porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no Líbano, Rona al-Halabi.
Como está a situação dos refugiados que vivem no Líbano?
O Líbano acolhe a maior proporção de refugiados por número de habitantes e eles vivem em condições terríveis. As explosões afetaram todos que vivem aqui, especialmente porque o país enfrenta uma crise econômica e a luta para combater o coronavírus. A destruição do porto pode ter um impacto devastador na população refugiada por causa da capacidade de importar itens de primeira necessidade, como comida. Terá também um impacto grande na distribuição de ajuda humanitária, incluindo nosso trabalho aqui e na Síria.
Como estão as pessoas que chegam até vocês?
Cerca de 250 mil pessoas perderam tudo e estão sem onde morar. As casas agora são abrigos e, com a economia prejudicada, as famílias terão dificuldade para reconstruir seus lares e alimentar seus parentes. Nossa equipe realizou algumas viagens por Beirute para encontrar esses deslocados e entender suas necessidades.
Como foi o trabalho do CICV?
Logo após as explosões, entramos em contato com os hospitais e centros de atendimento para fornecer materiais. Levamos suprimentos médicos, cadeiras de rodas e muletas a 12 hospitais em Beirute e nos arredores. Alguns pacientes foram levados para o Hospital Rafic Hariri, do qual somos parceiros desde 2016 e atende pessoas mais vulneráveis.
Onde a senhora estava no momento da explosão?
Eu estava dirigindo, a caminho de casa. Havia passado pelo local das explosões 15 minutos antes, mas graças a Deus nem eu e nem minha família ficamos feridos. Mas o país ficou em chamas.
Qual é a maior dificuldade neste momento?
Ver as famílias que não sabem o que ocorreu com os parentes desaparecidos. Infelizmente, há centenas de pessoas desaparecidas. Socorristas trabalham dia e noite, incluindo integrantes da Cruz Vermelha do Líbano, com o apoio do CICV. Mas, infelizmente, conforme o tempo vai passando, as chances de encontrar sobreviventes diminuem bastante. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.