As explosões na região portuária de Beirute que deixaram ao menos 73 mortos e quase 4 mil feridos na tarde desta terça-feira, 4, pareceram “um terremoto”, contou a brasileira Catharina Ghoussein, 23 anos, ao Estadão.
Moradora de um bairro localizado a cerca de sete quilômetros de distância do Porto, no subúrbio da cidade, Catharina estava na sala de casa quando sentiu os tremores. “Minha mãe acordou e começou a ficar desesperada. Ouvimos um barulho que parecia de avião, achei que Israel tinha atacado o país”, conta.
Muitas casas do bairro tiveram vidros e portas quebradas. “Saímos para o balcão para ver a situação dos nossos vizinhos e tinha muita gente na rua. Os animais (de estimação) estavam todos estressados”.
As explosões, que ainda não tiveram origem determinada, foram ouvidas em vários bairros da cidade e fora dela. No Chipre, uma ilha mediterrânea situada a 180 quilômetros a noroeste de Beirute, os moradores relataram ter ouvido as duas grandes explosões em rápida sucessão.
Hospitais da cidade ficaram lotados e chegaram a recusar feridos por falta de capacidade para atendimento. “A situação está bem tensa, muita gente em Beirute está sem casa e tem muitos feridos”, conta Catharina. “Os hospitais estão ficando saturados de pessoas machucadas”.
Para ela, a explosão deve ter grandes consequências nos próximos dias. “O país já estava em uma crise econômica horrível, e toda a comida e os alimentos básicos vinham do porto de Beirute”, conta. “Com essa explosão, tudo vai piorar. Muita gente vai passar fome”.
O Líbano vive um colapso econômico segundo o Banco Mundial, mais da metade da população do país vive hoje abaixo da linha da pobreza.
O governo do país declarou dia de luto nacional nesta quarta-feira, 5, e adiou o lockdown que se iniciaria na quinta.