Bolsonaro diz que ele e ministro da Saúde têm 'se bicado' e promete fim do isolamento pelo coronavírus

Publicado em 3 abr 2020, às 00h00.

Não pretendo demiti-lo no meio da guerra, mas em algum momento ele extrapolou“. Essa foi a afirmação feita pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), sobre o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em entrevista à rádio Jovem Pan nesta quinta-feira (2). O presidente ainda reconheceu que ele e o ministro têm “se bicado” por divergências sobre a política de isolamento social como combate ao avanço da pandemia de coronavírus no Brasil.

Bolsonaro disse que “sempre respeitou todos os ministros”, mas que Mandetta extrapolou. “A gente espera que ele dê conta do recado. Não é uma ameaça para o Mandetta. Nenhum ministro meu é ‘indemissível’, como os cinco que já foram embora”, defendeu.

Veja a entrevista na íntegra de Bolsonaro à Jovem Pan!

O presidente, que vem se envolvendo em polêmicas desde quando o coronavírus começou a chegar ao Brasil, disse que o ministro da Saúde não ouve muito sua voz. “Em alguns momentos, acho que o Mandetta teria que ouvir mais o presidente. Ele disse que tem responsabilidade, mas ele cuida da saúde, o (Paulo) Guedes da economia e eu entro no meio”.

Segundo Bolsonaro, “o Mandetta quer fazer valer muito a vontade dele“. “Pode ser que ele esteja certo, mas está faltando humildade para ele conduzir o Brasil neste momento“, comentou o presidente, dizendo que “o clima de pânico contagiou algumas pessoas dentro do Ministério da Saúde” e que “já está na hora de todo mundo botar o pé no chão”.

bolsonaro e mandetta coronavírus 2

Apesar da crise, Bolsonaro disse que não vai demitir Mandetta em “meio a guerra”. Foto: Isac Nóbrega/PR.

Fim do isolamento social

Sobre o tão polêmico isolamento social, defendido por todas as autoridades, a começar pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Bolsonaro disse que espera poder aliviar as medidas, mas que quer apoio da população. “Tenho um projeto de decreto que considera atividade essencial toda aquela exercida que seja indispensável para o trabalhador levar o pão para a casa. Como chefe de Estado, tenho que decidir. Se chegar esse momento, vou assinar essa MP“, disse.

Segundo o presidente, se a partir da próxima semana “não começar a voltar o emprego, vou ter de tomar uma decisão“. Bolsonaro pediu que os governadores e prefeitos revejam seus posicionamentos sobre o isolamento e disse que “enquanto o Supremo ou o Legislativo não suspender os efeitos do meu decreto, o comércio vai ser aberto. É assim que funciona“.