Avanço da Ômicron leva a aumento de taxas de ocupação de UTIs no país, aponta Fiocruz

Publicado em 26 jan 2022, às 13h38. Atualizado em: 10 mar 2022 às 16h27.

SÃO PAULO (Reuters) – A taxa de ocupação de leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) para tratamento da Covid-19 no Brasil registrou uma piora em meio ao avanço da altamente transmissível variante Ômicron do coronavírus, segundo boletim de acompanhamento da pandemia no país divulgado nesta quarta-feira (26) por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

De acordo com o levantamento, entre os dias 17 e 24 de janeiro, a taxa de ocupação de leitos de UTI para tratamento de Covid no Sistema Único de Saúde (SUS) aumentou em 12 Unidades da Federação e em seis Estados: Mato Grosso do Sul, Goiás, Espírito Santo, Piauí, Rio Grande do Norte e Pernambuco e no Distrito Federal o nível de ocupação está em patamar crítico, com a ocupação de pelo menos 80% das vagas.

Ainda segundo o levantamento da Fiocruz, 12 Estados estão na zona de alerta intermediário, quando a ocupação das UTIs está entre 60% e 79%, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins, Ceará, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.

Ao mesmo tempo, oito Estados estão fora da zona de alerta, quando a ocupação está abaixo de 60%, Acre, Maranhão, Paraíba, Alagoas, Sergipe. Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A situação mais crítica foi detectada no Distrito Federal, com 98% dos leitos ocupados. Em seguida vêm Rio Grande do Norte, com ocupação de 83%, Piauí e Goiás com 82% cada, Pernambuco com 81% e Mato Grosso do Sul e Espírito Santo com 80%.

As menores taxas de ocupação foram registradas em Sergipe, com 25%, na Paraíba e Minas Gerais, com 28% cada, e no Acre, com 45%. Nos demais Estados fora da zona de alerta a ocupação era maior que 50%.

“Não se pode ignorar que o quadro está piorando, apesar de estar claro que o cenário com a vacinação é muito diferente daquele observado em momentos anteriores mais críticos da pandemia, nos quais se dispunha de muito mais leitos”, .

afirmaram os pesquisadores da Fiocruz em nota técnica

“O que se coloca é que, com a elevadíssima transmissibilidade, mesmo uma proporção muito menor de casos gerando internações em UTI incorre em números expressivos”, acrescentou.

Os pesquisadores apontaram a importância da vacinação na contenção da pandemia, especialmente da aplicação de uma terceira dose de reforço de um imunizante. Destacaram também a necessidade de adoção de outras medidas para conter a disseminação como o uso de máscaras e exigência de comprovante de vacinação para entrada em locais públicos.

“Pessoas que já receberam a dose de reforço são pouco suscetíveis a essas internações, embora comorbidades graves ou idade avançada possam deixá-las vulneráveis. Entretanto, há ainda uma proporção da população que não recebeu o reforço e assim fica mais suscetível a formas mais graves da infecção com a Ômicron e, principalmente, há uma parte da população não vacinada, muito mais suscetível”,

apontaram.

“É fundamental empreender esforços para avançar na vacinação e controlar a disseminação da Covid-19, com o endurecimento da obrigatoriedade de uso de máscaras e de passaporte vacinal em locais públicos, e deflagrar campanhas para orientar a população sobre o autoisolamento ao aparecimento de sintomas, evitando, inclusive, a transmissão intradomiciliar”, finaliza a nota técnica.

Por Eduardo Simões