São Paulo, 28 – A eleição de Alberto Fernández para a Presidência da Argentina preocupa os agricultores do país, na análise do banco europeu Commerzbank. “Muitos agricultores estão temerosos com o fato de o novo governo poder intervir, novamente, em uma extensão muito maior na produção e comércio exterior de produtos agrícolas e declararam que estarão retendo investimentos”, observa a analista de commodities agrícolas do banco alemão, Michaela Kühl, em nota enviada a clientes.

A instituição financeira lembra que Fernández tem como vice-presidente Cristina Kirchner, que esteve na presidência de 2007 a 2015. O Commerzbank destaca que no mandato de Cristina Kirchner o governo cobrou altas taxas sobre as exportações agrícolas, tornando o plantio dos produtos menos lucrativo. “Os impostos foram reduzidos consideravelmente sob a gestão de Maurício Macri, embora por um período intermediário eles tenham sido elevados novamente em virtude de problemas orçamentários”, afirma Michaela.

A Argentina é o maior exportador de farelo e óleo de soja, além de um dos maiores exportadores de milho e trigo. Para o trigo, uma possível restrição de oferta dos triticultores argentinos poderia sustentar os preços no mercado global, de acordo com projeção do Commerzbank. “No entanto, atualmente não é apenas a política que pesa sobre o sentimento do mercado: a seca que afeta as regiões produtoras do país resultou em revisões perceptíveis nas previsões de safra para o cereal produzido do país nas últimas semanas”, pondera Michaela. A Bolsa de Grãos de Buenos Aires reduziu sua perspectiva de colheita de trigo 2019/20 no país para menos de 20 milhões de toneladas, volume praticamente estável em relação à temporada anterior.