São Paulo, 02 – As altas temperaturas no Rio Grande do Sul na última semana, aliadas ao baixo volume de chuvas, provocaram perdas no potencial produtivo das lavouras de milho verão de várias regiões, segundo relatório semanal da Emater-RS/Ascar. No caso da soja, há casos de estresse hídrico em lavouras do Estado.
O plantio de milho no Estado atingiu 95% da área prevista, avanço de um ponto porcentual na semana. Há um ano, 96% da área estava plantada. Conforme a Emater, há problemas em diferentes partes do Rio Grande do Sul. Na regional de Ijuí, o potencial produtivo é variado de acordo com os volumes de chuva recebidos. A área destinada à silagem apresenta maior redução de produtividade, enquanto os cultivos em áreas com irrigação e nos locais com umidade adequada apresentam “excelente potencial”.
Ainda conforme a Emater, as lavouras implantadas no fim de setembro estão com “perdas elevadas”, e produtores recorrem ao Proagro. Na regional de Santa Rosa, o calor excessivo prejudicou algumas lavouras, enquanto na regional de Frederico Westphalen também há áreas com falta de chuvas.
Já na regional de Caxias do Sul, “o acentuado déficit hídrico” em dezembro afetou o rendimento. “Na região da Serra, as lavouras estão sofrendo forte estresse hídrico associado a altas temperaturas, provocando danos irreversíveis; inclusive já apresentam forte perda no potencial de rendimento”, disse a Emater. Nos Campos de Cima da Serra, também já é dada como certa a redução na expectativa de produtividade.
Na regional de Soledade, o quadro geral da cultura é de “déficit hídrico generalizado”, devido a altas temperaturas, baixa umidade relativa do ar e radiação solar intensa. As lavouras em florescimento e enchimento de grãos são as mais afetadas, “com perdas de produtividade que crescem à medida que as chuvas atrasam”.
“As chuvas fracas e irregulares das últimas semanas não foram suficientes para atender às necessidades da cultura, especialmente nas lavouras de milho em estádios avançados de desenvolvimento”, disse a Emater.
Na regional de Passo Fundo, a cultura também enfrenta prejuízos no desenvolvimento vegetativo devido à diminuição da chuva. Na regional de Erechim, são estimadas perdas de 10%. Se a estiagem persistir, elas devem “aumentar significativamente”, segundo o boletim.
No entorno de Bagé, a falta de chuva vem causando prejuízo às lavouras destinadas à produção de grãos e silagem. Na regional de Pelotas, as atividades de semeadura do milho foram paralisadas em razão do quadro de estiagem. Em Santa Maria, “a cultura do milho já registra perdas irreparáveis”. Em Lajeado, as condições das lavouras não são boas, e a extensão dos danos “poderá ser ainda maior caso as chuvas demorem a normalizar”, segundo a Emater.
No caso da soja, o plantio avançou dois pontos porcentuais na semana e atingiu 99% da área prevista. Em igual período do ano passado, a semeadura já estava concluída. Na regional de Santa Rosa, os termômetros chegaram a registrar até 42ºC, e os registros mais recorrentes foram na faixa dos 38 a 39ºC. As chuvas foram localizadas, com baixos volumes e alta intensidade. “Essa condição climática irregular provocou problemas no desenvolvimento da cultura da soja em parte da região das Missões, onde a semeadura não avançou; em algumas lavouras ocorreu germinação-emergência desuniforme, em função do plantio com solo seco e baixa profundidade.”
Na regional de Ijuí, áreas mais ao norte enfrentam “déficit hídrico intenso” e municípios do Noroeste Colonial e Alto Jacuí também enfrentam período de baixo volume de chuvas, comprometendo o bom desenvolvimento da cultura. Na regional de Soledade, será necessário replantio em municípios do Baixo Vale do Rio Pardo por causa do solo seco. “Em geral, as lavouras apresentam sintomas de estresse hídrico, porém a maior parte delas encontra-se nas fases iniciais de desenvolvimento e têm potencial de recuperação.”
O maior impacto é nas lavouras precoces, que estão em florescimento. Na regional de Erechim, a Emater destaca que, se persistir a estiagem, devem ocorrer “perdas significativas”. Na regional de Caxias do Sul, “a expectativa de rendimento deverá ser revisada para baixo, pois a falta de água já comprometeu o potencial de rendimento”. Também foram apontados problemas por excesso de calor ou escassez de chuva nas regionais de Bagé, Porto Alegre e Santa Maria.