Um agricultor de 70 anos da zona rural de Figueirão, cidade de Mato Grosso do Sul com menos de 3 mil habitantes, ganhou sozinho mais de R$ 37 milhões na Mega-Sena, mas resolveu continuar levando a vida simples no sítio onde mora. O sortudo, que pede para não ser identificado, ganhou a aposta no final de abril e o dinheiro foi liberado agora. Uma parte dos R$ 37.626.306,90 ele já deu a amigos e parentes. Além disso, o agricultor reservou uma parcela do dinheiro e já doou para três hospitais que tratam do câncer.

O ganhador conta que a doação para o tratamento contra o câncer foi uma promessa que fez para o seu pai, que morreu vítima dessa doença. Há 30 anos ele jogava na loteria e sempre os mesmos números. Sem carro, ele caminhava quase 10 quilômetros a pé toda semana para fazer uma única aposta.

Segundo ele, dessa vez abriu uma exceção e fez outras duas apostas, ambas com números aleatórios gerados pelo próprio caixa, sendo uma delas a contemplada. O primeiro presente foi para a casa lotérica, que ganhou um climatizador de mais de R$ 8 mil. Segundo o apostador, os funcionários enfrentavam muito calor no trabalho.

Para os hospitais ele doou R$ 3,7 milhões neste domingo (22), sendo R$ 1 milhão para o Hospital do Câncer de Barretos (SP), R$ 1 milhão para o Hospital de Câncer Alfredo Abrão (Campo Grande-MS) e R$ 1,7 milhão para o Hospital Municipal de Figueirão (MS). O doador não descarta novas ajudas, pois diz que vai manter sua vida simples de morador da roça.

Importância

De acordo com o presidente do Hospital Alfredo Abrão, Carlos Alberto Coimbra, o valor recebido é muito significativo, pois no total por mês as doações recebidas não chegam a R$ 170 mil. Com esse dinheiro da loteria a instituição vai construir um local adequado para instalar o serviço de radioterapia.

Já o hospital da cidade onde mora o agricultor usará o dinheiro para adquirir um aparelho de raio X digital de última geração. O Hospital do Câncer de Barretos ainda está definindo os equipamentos a serem comprados. Diretores da instituição contaram que toda doação é muito comemorada, uma vez que a unidade opera com déficit mensal de R$ 8 milhões.

Rotina

O novo milionário não quer aparecer por motivos de segurança e porque garante que não quer ser obrigado a mudar muito sua vida. Por enquanto, pretende apenas melhorar um pouco a propriedade rural onde reside, talvez com a construção de uma piscina e uma represa para criar peixes.

O agricultor não quer contratar seguranças e alega não saber ainda o que fará com o restante do prêmio. “Deus vai cuidar”, afirma. Separado da mulher e com os dois filhos morando longe há anos – um deles na Costa Rica -, ele segue usando o tradicional chapéu de palha e a botina.

Indagado se ficou mesmo muito feliz por ganhar na Mega-Sena, ele garante que sim. E diz que a prova foi o ato que fez pouco depois. Como lembrança, correu na lotérica e comprou a caixa registradora que imprimiu o volante sorteado.