“A Constituição determina as programações regionais, que na realidade não são cumpridas pelas outras redes, pois elas estão encaixotadas. Você pega a Bandeirantes, acaba o jornal em rede nacional, e entra o missionário Soares. Que regionalização é essa? Você pega a Globo, é novela, novela, novela. Quantas horas de regionalismo eles têm?

“Você tinha a RBS aqui [em SC] com uma força total. O governo fica dependente. O comércio fica dependente de uma só tabela [de publicidade]. A regionalização é pouco existente porque o horário da Globo está voltado para novelas. A nossa produção local deve ser duas ou três vezes maior que a dos concorrentes. Então a ideia do Leonardo e do Marcello [atuais presidentes da RIC] foi perfeita: ‘Se não pudermos ser o maior, porque não temos novelas, vamos ser o melhor na regionalização. Com isso, estamos beneficiando os estados. Porque o indivíduo vive na cidade, não vive na nação. Ele precisa saber muito mais da sua cidade, do seu estado e das suas potencialidades do que saber do resto do mundo.

“Esse é um erro do governo. O governo brasileiro, por conta de um sistema de autoritarismo que vem desde o governo autoritário, centraliza a carga tributária. Da carga tributária, 66% ficam para a União, 34% para o estado e os municípios – 22% para o estado e 12% para os municípios. E o estado e os municípios têm de fazer segurança, educação e saúde. Quer dizer, é um regime errado que faz o absolutismo da centralização.”

O local é importante
“Na Comunicação é a mesma coisa. Se você tiver a centralização na mão de um, não tem contraditório; gera menos emprego, não tem liberdade. Então a ideia da regionalização, de prestigiar o fato local, essa coisa toda, é que dá sentido à nossa existência. Primeiro: criar o contraditório, impedir o oligopólio e o monopólio; e criar a regionalização, difundindo a cultura de cada estado, de cada município, prestigiando o folclore, a literatura, o esporte regional… Reavivar tudo aquilo que a sociedade vem construindo. Pouca gente faz tudo isso, que é importante para o desenvolvimento da Nação, não só dos estados.”