O ano de 2019 está quase terminando e considerei escrever uma retrospectiva. Mas, pensando melhor, cheguei à conclusão de que seria mais produtivo, ao invés de falar sobre o que aconteceu, abordar o que está por vir.
No próximo ano, entraremos em uma nova década. Década essa que, diante de todo o avanço tecnológico que potencialmente teremos, pode ser uma das mais disruptivas da história da vida humana.
Contudo, hoje não quero falar sobre tecnologia e nem sobre empresas disruptivas. Quero me dirigir aos profissionais.
Depois de décadas sendo liderado, liderando equipes e conhecendo empreendedores, investidores e profissionais dos mais diversos tipos, percebi que existe um padrão que diferencia os profissionais que alcançam grandes resultados daqueles que ficam pelo caminho.
Pegando o gancho de que 2020 marca o início dessa nova década, gostaria de propor que 2020 marque também um momento no qual os jovens (e aqui me refiro não apenas aos jovens de idade, mas também aos jovens de espírito) repensam e refletem sobre suas carreiras.
Assim, compartilho aqui 4 pontos que enxergo essenciais sobre carreiras:
1) Experimentar é importante
O número de experimentações que fazemos está intimamente ligado à nossa experiência.
Obviamente, não é necessário que você saia chutando o balde por aí, arriscando tudo o que tem. Mas experimentar é extremamente importante para aqueles que querem se desenvolver em suas carreiras. Nós somos a soma de todas as nossas experiências e, por isso, é essencial que você se insira em contextos diferentes, coloque em prática projetos dos mais variados, falhe, erre, aprenda, leia livros, consuma conteúdos dos mais diferentes temas e busque evoluir como ser humano e como profissional a partir das mais diversas experiências.
E, contrariando a lógica, isso inclui, viver coisas que, a priori, não tem nada a ver com sua carreira também.
Eu, por exemplo, além do motociclismo e da música, que tenho como hobbies, já fiz trekking no Himalaia, já mergulhei com tubarões brancos na África do Sul, já pilotei um Nascar em circuito oval nos Estados Unidos, já me internei em um monastério budista no Nepal, já comi comidas estranhas nas ruas de Pequim, e mais uma infinidade de outras vivências que, certamente, são parte importante do que sou.
É importante, sim que tenhamos foco e que sejamos especialistas em determinada área. Mas é igualmente importante abrirmos nosso olhar e nossa mente para as possibilidades que surgem em nossa jornada.
2) Abaixe a cabeça e trabalhe
Tenho notado algo interessante nesses últimos anos. O surgimento de diversos “especialistas”. Os gurus do marketing digital, da inovação, das startups…
Quem me conhece, sabe o quão crítico sou desse tipo de profissional. Alguém que jamais construiu coisa alguma naquele determinada área, mas que de repente, assistiu meia dúzia de vídeos e leu 2 ou 3 livros sobre o tema e se sente confiante para ensinar a todo mundo tudo o que sabe. O sucesso, seja lá como você o define, é um jogo de paciência.
Eu entendo que a ansiedade por ser reconhecido, ter seu próprio negócio e “fazer o nome” pode ser grande para aqueles que estão iniciando a sua carreira.Mas encare a sua carreira, sobretudo, como uma maratona, não como uma corrida de 100 metros rasos.
Antes de querer se autoproclamar como o guru ou especialista da vez, apenas abaixe a cabeça, trabalhe e construa repertório.
Entregue resultados e demonstre que você simplesmente não surgiu da noite para o dia.
Antes de querer lançar o próximo unicórnio, trabalhe em startups, faça contatos, veja como é o dia-a-dia, passe alguns anos na labuta.
Antes de querer se lançar como “consultor de marketing digital”, abaixe a cabeça e bote a mão na massa em alguma consultoria por aí. Seja obstinado (ou como diria Lemman, um “fanático”).
Construa um track record, faça contatos e desenvolva suas habilidades antes de querer que o mundo “engula” tudo o que você tem a dizer.
3) Busque mentores
Esse ponto é um tanto clichê, mas eu não poderia deixá-lo de fora. Os mentores foram pessoas essenciais em minha trajetória.
Lembre-se sempre de que sardinha nada com sardinha e tubarão nada com tubarão.
Estamos na melhor Era da história para que você consiga contato com algumas das mentes mais brilhantes de nosso tempo.
As redes sociais abriram esse caminho e, quem sabe utilizá-las não só para ver memes ou fofocas, mas também para criar conexões de valor, está anos-luz à frente do resto.
Um mentor deve ser alguém que já passou pelos desafios que você está passando e que soube como vencê-los. Ele tem o que chamo de “capital intelectual”. Alguém com anos de experiência naquilo que você pode estar se propondo a fazer e que pode lhe ajudar a traçar o caminho das pedras.
4) A “cara de pau” vai ser mais importante do que nunca
Essa é a última e a minha preferida.
Um tipo de profissional que sempre terá grandes oportunidades é o “cara de pau”. Não o cara de pau em sentido pejorativo, mas sim, uma pessoa que não se conforma com o não, que quer tanto fazer algo acontecer que está disposto a “dar a cara a tapa” sem se preocupar em ser ignorado.
E essa atitude vale para diversos contextos diferentes, seja você um profissional ou um empreendedor.
Um profissional “cara de pau” é aquele que abre portas, que chama a responsabilidade do que quer que seja e que sabe que outros profissionais, mentores, investidores e parceiros, em sua maioria, gostam desse tipo de atitude.
É claro, é preciso ter bom senso e jamais confundir ser “cara de pau” com ser inconveniente. Na vida, não existem fórmulas mágicas, assim como na carreira e no mundo dos negócios. Contudo, existem sim, boas práticas.
Tendo conhecido diversos profissionais fora da curva durante as últimas décadas, esses 4 pontos são os que enxergo como essenciais se você também quer chegar lá: experimente coisas novas, abaixe a cabeça e trabalhe, busque mentores e seja cara de pau (nunca esquecendo do bom senso)
Espero que possamos nos encontrar durante a sua jornada 🙂