Vídeo mostra conselheiro tutelar de Maringá em atos em Brasília: "marchando rumo à liberdade"
Um conselheiro tutelar de Maringá é alvo de inquérito civil, instaurado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR), para apurar a possível participação dele nos atos criminosos e antidemocráticos ocorridos em Brasília no último domingo (8). Jesiel Carrara gravou um vídeo e publicou em um perfil particular na rede social TikTok caminhando junto a outros participantes dos atos em direção à Praça dos Três Poderes, no Distrito Federal.
No vídeo, o conselheiro tutelar grava a si próprio gritando: “Alô patriotas de todo o Brasil: marchando rumo à liberdade. ‘Tamo’ junto. Brasília comigo dia 8”. O vídeo foi publicado na rede social e apagado logo depois, mas foi salvo a tempo e amplamente repassado pelo WhatsApp.
O promotor Ricardo Malek Fredegoto abriu instaurou o inquérito na última segunda-feira (9), segundo ele, por conta do ato realizado em Brasília ter “evidente incompatibilidade com o exercício das funções de Conselheiro Tutelar”. Jesiel Carrara está lotado no Conselho Tutelar Zona Norte e atua como conselheiro desde 2015.
De acordo com o promotor, os atos de violência e vandalismo registrados no domingo “foi protagonizado por milhares de pessoas que há tempos são incentivadas por discursos de ódio e mentiras propagadas por políticos, líderes religiosos, colunistas e influenciadores digitais a funcionarem em um sistema cognitivo do qual resulta a negação de realidades objetivas, como por exemplo, o resultado das eleições de 2022 e o papel das Forças Armadas na ordem constitucional, e a crença no factoide que o país caminhará para o ‘comunismo’ (sic) se não houver uma ruptura institucional. E na defesa de seus ideais delirantes, mostraram-se dispostos a investidas criminosas contra o Estado Democrático de Direito e o governo legitimamente constituído”.
Participação nos atos revela “desprezo à Constituição”, diz promotor
O promotor aponta ainda que a participação do conselheiro tutelar no ato “revela o desprezo do requerido ao Estado Democrático de Direito, aos Poderes da União, em especial ao Sistema de Justiça, e à Constituição de 1988, a mesma constituição que instituiu o princípio da proteção integral, norte de toda a política de atendimento à criança e ao adolescente no país”.
A abertura do inquérito pede que Jesiel seja afastado do cargo durante a tramitação do processo e fixa o prazo de 48 horas para que o município de Maringá comunique ao MP-PR as providências que serão adotadas com relação ao caso.
Antes mesmo da abertura do inquérito, o Conselho Tutelar de Maringá emitiu nota de esclarecimento, ressaltando que o colegiado da entidade desaprovava a conduta de Carrara e que não compactua com as ações, sendo, esse fato isolado.
“O colegiado do Conselho Tutelar Zona Norte de Maringá, não compactua com qualquer ato contrário ao texto constitucional, a harmonia em sociedade e agendas aos princípios de uma sociedade livre. Em razão das notícias de que um conselheiro tutelar de Maringá estava em atos de protestos, os quais progrediram para atos criminosos, causa espanto e desaprovação deste colegiado”, destacou em nota.