Pablo Milanés, cantor e voz da revolução cubana, morre aos 79 anos

Publicado em 22 nov 2022, às 10h12. Atualizado às 11h43.

O cantor e compositor Pablo Milanés, um dos fundadores da Nueva Trova cubana, movimento musical surgido a partir da revolução de Fidel Castro em 1959, morreu na Espanha aos 79 anos, informou a imprensa cubana nesta terça-feira (22).

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“Notícia triste para a cultura cubana (…) Obrigado por sua música, Pablo”, publicou o Cubadebate, um site de notícias do governo.

Milanés foi hospitalizado por várias infecções devido a uma doença oncohematológica que o levou a procurar tratamento médico e se estabelecer em Madri desde 2017.

O talento de Milanés apareceu cedo. Aos seis anos, ele ganhou um concurso cantando uma música mexicana em uma estação de rádio em sua cidade natal, Bayamo. Sua família mudou-se para Havana na década de 1950. Ele desenvolveu sua paixão em uma cidade então conhecida por sua cena musical.

Depois que grupos rebeldes liderados por Fidel Castro derrubaram a ditadura de Fulgêncio Batista em 1959, um movimento cultural enraizado nas ideias do socialismo floresceu.

A reputação de Milanés cresceu como um dos pioneiros da Nueva Trova, uma corrente intimamente associada à crescente onda de esquerda na América Latina e cujas canções frequentemente criticavam a política dos Estados Unidos em relação à região.

Canções populares como “Yo no te pido”, “Los años mozos”, “Cuba va”, “Yolanda” e “Yo pisaré las calles nuevamente”, entre outras, ganharam fama e rodaram o mundo, às vezes nas vozes de intérpretes como Víctor Manuel e Ana Belén, Luis Eduardo Aute, Mercedes Sosa, Marco Antonio Muñiz, Armando Manzanero, Joaquín Sabina, Joan Manuel Serrat e Carlos Varela.

Em novembro de 2015, em cerimônia realizada em Las Vegas, nos Estados Unidos, a Academia Latina da Gravação concedeu-lhe o Prêmio Grammy de excelência musical por uma vida dedicada à arte.

Pouco depois dos protestos ocorridos na ilha em julho de 2021, o cantor e compositor assinou um documento intitulado “Manifesto da Sociedade Civil Cubana”, no qual pedia reformas sociais e econômicas “urgentes” em Cuba.

“O nosso país precisa – com a união de todos – dar passos a novas vozes e novas formas de pensar, que exijam das nossas leis, novas liberdades”, escreveu após assinar o documento.

Seu último show em Havana foi em junho de 2022, em uma apresentação que provocou choro de muitos de seus fãs, que cantaram suas canções.

(Reportagem de Nelson Acosta)