Dia de Combate ao Feminicídio no Paraná é marcado por alta no número de casos

Publicado em 20 jul 2020, às 14h44. Atualizado às 14h58.

Advogado de Tatiane Spitzner, assassinada há dois anos pelo marido, Luis Felipe Manvailer, no apartamento que moravam, em Guarapuava (PR), comenta a importância do Dia de Combate ao Feminicídio no Paraná.

Para o advogado, Gustavo Scandelari, da Dotti e Advogados, a divulgação a público dos vídeos gravados pelo sistema de segurança do prédio em que o casal morava – que mostram Manvailer praticando graves e violentas agressões físicas contra sua então esposa Tatiane, pouco antes de seu corpo ser arremessado da sacada do apartamento, foram um fator preponderante para tornar o caso emblemático na luta contra o feminicídio. 

Tatiane faz parte da estatística que não para de crescer: em três anos, os casos de feminicídios aumentaram 70% no Paraná. Dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública compilados pelo Livre.Jor mostram que, de agosto a setembro de 2019, foram contabilizadas 74 feminicídios, um aumento de 17% em relação a 2018. No Brasil, de acordo com o Atlas da Violência 2019, 4.936 mulheres foram mortas em 2017, sendo 66% das vítimas negras.

Dia de combate ao feminicídio no Paraná é importante para evitar mortes como da Tatiane, relembre:

A advogada, então com 29 anos, foi encontrada morta na madrugada do dia 22 de julho de 2018, no apartamento em que morava. Inicialmente, a Polícia Militar recebeu um chamado que uma mulher teria supostamente saltado do 4º andar de um prédio residencial. Mas rapidamente as investigações levantaram provas de que se tratava de um feminicídio.

Luis Felipe Manvailer, marido da vítima, arrastou o corpo de sua esposa para dentro do apartamento, limpou vestígios de sangue e fugiu, com o carro dela, enquanto a Polícia estava no local, fazendo perguntas a vizinhos sobre o crime. Essas imagens foram também capturadas pelas câmeras de vigilância. Em momento algum Manvailer tentou falar com a Polícia, pedir socorro ou informar à família de Tatiane do ocorrido. Ele foi preso próximo à fronteira com o Paraguai depois de dirigir por horas durante a madrugada e segue detido enquanto responde ao processo.

Acusado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) de homicídio qualificado por asfixia, meio cruel, feminicídio e de fraude processual, Luis Felipe Manvailer vai a Júri popular, que deverá ocorrer em breve.