Beatificação de menina Benigna marca luta contra a violência à mulher

Publicado em 24 out 2022, às 14h43. Atualizado às 15h26.

Na tarde desta segunda-feira (24) ocorre a beatificação da menina Benigna Cardoso da Silva, que morreu aos 13 anos vítima de golpes de facão por ter rejeitado um homem, na década de 40.

A cerimônia acontece na mesma data de sua morte, no Parque de Exposição Pedro Felício Cavalcante, no município do Crato, interior do Ceará.

Cerca de 60 mil fiéis são esperados na oficialização do processo de beatificação da jovem. A cerimônia será presidida pelo representante do Papa Francisco, o cardeal brasileiro Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus.

Benigna

A futura beata brasileira nasceu em 15 de outubro de 1928, ficou órfã de pai e mãe ainda criança, foi adotada com os irmãos e criada até os 13 anos.

“Benigna, em vida, foi vista como uma pessoa santa. Era muito dedicada aos estudos – era a primeira da classe, caridosa, amante da natureza e dos animais, extremamente religiosa, com assídua participação na Eucaristia aos domingos”, conta o coordenador da pastoral da Paróquia Senhora Sant’Ana, de Santana do Cariri, Danilo Sobreira, ao site Vatican News.

Ele ainda relata que, quando Benigna recebeu de presente uma bíblia, a transformou em livro de cabeceira. “[…]ela lia as histórias e trazia para a sua vida como reflexão, transmitindo aos amigos e sendo até catequista por ensinar a Palavra de Deus. E também nutria devoção especial a Nossa Senhora do Carmo a quem sempre invocava para a livrar do inferno”, disse Sobreira.

Morte de Benigna

A história conta que, aos 12 anos de idade, a jovem começou a ser assediada por um rapaz chamado Raimundo Raul Alves Ribeiro, e ela sempre o rejeitou. O homem então armou uma emboscada quando ela voltava da escola.

“Após chegar da escola e quando ia buscar água próxima de casa: ele a abordou sexualmente. Ela rejeitou por ver no ato uma ofensa a Deus e, em consequência, ele a golpeou várias vezes com facão, tirando a sua vida. Desde então, ela é invocada como mártir, heroína da castidade, mártir da pureza”, finaliza o coordenador.

Após sua morta, alguns fiéis usavam seu nome durante as rezas pedindo-lhe ajuda. Conforme o Vatican News, as pessoas iam até o local onde ela foi assassinada acendiam velas e colocavam flores.