3 mil famílias em situação de vulnerabilidade recebem alimentos

Publicado em 4 jun 2021, às 16h03. Atualizado às 16h04.

A Geração de Emprego, Renda e Apoio ao Desenvolvimento Regional (GERAR) atenderá cerca de 3.000 famílias vulneráveis de Araucária, na região metropolitana de Curitiba, com a entrega de cartões alimentação no valor de R$ 120 por mês. O objetivo é o combate à fome, tendo em vista os problemas sociais e econômicos agravados com a pandemia do coronavírus.

A ação se iniciou nessa terça-feira, dia 1° de junho, com recursos provenientes de doação da Petrobras SA, que atua em Araucária com a REPAR (Refinaria Presidente Getúlio Vargas). A entrega continuou nesta quarta-feira, dia 2, e ainda seguirá nos dias 7 e 8 de junho.

Os cartões serão entregues às famílias de Araucária em situação de extrema vulnerabilidade e risco social. Cada família beneficiada receberá o benefício por três meses.

As famílias foram identificadas pela Secretaria de Assistência Social do município por meio do CadÚnico. A Secretaria, em parceria com a GERAR, fará o chamamento e a entrega dos cartões aos beneficiados nos CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) das comunidades onde as famílias residem e já são acompanhadas.

Ainda serão atendidos cerca de 155 ex-participantes do Projeto Alvorocer II, realizado pela GERAR até o fim de 2019 com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. O programa qualificou jovens e adolescentes do município no curso de Auxiliar de Gastronomia..

Ajuda

Agora todo dia de manhã vai ter o pãozinho que dona Lourdes Oliveira, 73 anos, tanto gosta como desjejum. Ela sofre com início de Alzheimer, mas esse continua sendo um dos momentos de alegria do qual não esquece. “Ela acorda e pergunta: tem pãozinho? E quando não tem, eu fico triste, pois ela gosta”, afirma a filha de dona Lourdes, Elaine Cristina, 40.

O cartão-alimentação ajudará a reforçar a despensa da família. Além do pãozinho, dará para comprar frutas e verduras. “Passamos por bastantes problemas financeiros. Foi uma benção de Deus esse cartão”.

Daiane Valeato, 25 anos, também está tendo dificuldade para fechar as compras do mês. Os produtos em alta e a queda na atividade econômica de alguns setores bateu na porta dela. O serviço do marido, que é autônomo, diminuiu. E assim, a renda da família ficou prejudicada, uma vez que Daiane está desempregada. “O benefício vai ajudar na compra do mês, que está atrasada. Tentamos gastar sempre o mesmo tanto, mas tem vezes que não dá e deixamos de levar alguma coisa por causa dos preços altos”.

“Hoje vai me salvar até com o sabão em pó para lavar roupa”, admite Erica Vanessa, que está desempregada e recebeu o cartão nesta segunda-feira, dia 1°.

“Esse cartão vai ajudar na alimentação para podermos passar com um pouco mais de dignidade. Comprar frutas, verduras. O trivial mesmo. Veio numa boa hora”, diz Joceli Terezinha Bueno, 52 anos.

Já Neusa Santa Pinto, 47, que trabalha como diarista e viu o número de clientes cair, gastou os recursos do cartão em alimentação antes mesmo de receber. “Deixei anotado na caderneta”.

“Estamos vivendo do alimento que pegamos da escola”, afirma Angélica Leão de Siqueira, 47. “Com essa primeira carga do cartão, vou comprar o grosso, o arroz e o feijão. Depois, vê o resto”

Antes da pandemia, Cleonice Gomes trabalhava de diarista de segunda a domingo. Agora, é uma vez por mês. Com a queda na renda, ela está precisando da ajuda dos outros e pretende utilizar o benefício distribuído pela GERAR na compra do gás. “O gás está muito caro. E vou ver se sobra para fazer um mercado. Mas churrasco não sei quando”, brinca.

A presidente da Associação de Moradores do Jardim Alvorada, Maria Eunice Rodrigues Siqueira, reside há 25 anos no bairro e conhece bem os problemas que a população está enfrentando. “Esse benefício, para quem não tem, é muito. Vai ajudar a comprar uma carne, uma mistura. As pessoas têm de viver com dignidade e neste momento tão difícil de pandemia é o mínimo que podemos fazer. Dessa forma, devolvemos a confiança de que tudo vai passar e dar certo”.

A assistente social e coordenadora do CRAS Thomaz Coelho, Cintia Fachin, explica que a pandemia aumentou o desemprego e diminuiu a renda das famílias. “As famílias estão passando por necessidades. Famílias que não atendíamos no CRAS passaram a procurar os nossos serviços por conta da vulnerabilidade econômica. Esse benefício vem em boa hora para amenizar a situação das famílias e para suprir suas necessidades básicas. Por mais que a prefeitura atenda, ainda é insuficiente. Então, todas as formas de colaboração são bem importantes”.

Estímulo ao comércio

Com o benefício, espera-se que a roda da economia local gire, pois os recursos serão utilizados em aquisições dentro de Araucária, beneficiando os comerciantes. “A expectativa é que cresça o movimento. Já vieram várias pessoas comprar com o cartão. Estão comprando bastante mantimentos, arroz, feijão, leite. Com a pandemia, o consumo das famílias diminuiu bastante, principalmente de carne “, afirma Priscila Meireles, do Mercado Eliz.

O presidente do Conselho Diretor da GERAR, Francisco Essert, destaca a sensibilidade da Petrobras em atuar no combate à fome, com o aporte de recursos para o desenvolvimento da ação. Segundo ele, iniciativas como essa são imprescindíveis em um momento tão difícil. “É uma satisfação muito grande ajudar neste momento de pandemia e minimizar os impactos às famílias. Optamos pelos cartões alimentação para dar a possibilidade de as pessoas escolherem os itens que irão compor sua alimentação. Assim, também haverá fomento do comércio local das comunidades onde vivem”.

De acordo com Essert, para que a ação pudesse ser realizada, além dos recursos da Petrobras, foi fundamental a parceria com a Prefeitura e Secretaria de Assistência Social.

Essert destaca que a GERAR atua há anos em Araucária, com diferentes projetos e com o programa Aprendiz Legal e estágios, capacitando e inserindo jovens no mercado de trabalho.